O filme russo Ela revela a falta de perspectivas para uma jovem do Tajiquistão que se muda sozinha para os arredores de Moscou.
A princípio, a ideia dessa jovem chamada Maya é viver com Hamid, seu namorado de infância, que imigrou para a Rússia algum tempo antes. Porém, logo depois, a mãe de Hamid o chama de volta para seu país de origem para se casar com outra mulher. Mas, pelo menos, e apesar de não falar russo, Maya consegue um trabalho como ajudante de limpeza. Além disso, o primo de Hamid demonstra interesse por ela.
Acima de tudo, o que impressiona na história é a necessidade de Maya em contar com as outras pessoas para definir seus rumos. Primeiro, conta com Hamid, mas ele não tem interesse em torná-la sua esposa – no máximo, a aceita como amante. Além disso, consegue empregue somente porque a mulher do tio de Hamid a ajuda. E, por fim, parece que continuará na Rússia, mesmo sem falar o idioma, porque um rapaz está apaixonado por ela.
Esse temperamento passivo, que leva até o tio de Hamid a chamá-la de tonta, se reproduz no estilo de filmagem da diretora Larissa Sadilova neste longa-metragem. Nesse sentido, ela utiliza a câmera na mão e alguns jump cuts, assim como coloca poucas palavras na boca da personagem. Aliás, mesmo sendo a protagonista do filme, ela não é a dona do destino de sua vida.
Enfim, inspirado em eventos reais, o filme Ela abre a discussão sobre a posição da mulher, por isso não coloca nenhum julgamento sobre a passividade de Maya. Logo, instiga uma discussão pós-filme entre os seus espectadores acerca desse tema.
