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Elegia de Osaka (filme)
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Elegia de Osaka

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

“Elegia de Osaka” é um dos primeiros filmes falados do diretor japonês Kenji Mizoguchi, e já apresenta algumas das características marcantes de sua carreira. Além de movimentar a câmera acompanhando os atores, o cineasta enfatiza aqui um tema recorrente muito ligado a sua história pessoal.

A trama

Mizoguchi odiava seu pai, e foi criado por sua irmã mais velha que era gueixa. A história de “Elegia de Osaka”, escrita por ele próprio, praticamente transpõe isso para as telas.

Assim, a trama acompanha Ayako Murai, uma jovem que aceita ser amante do seu patrão para conseguir o dinheiro que o seu pai deve para a empresa onde trabalha. Dessa forma, ele não será denunciado por fraude. Porém, acaba afastando o rapaz que ama, que não aceita se casar com ela depois de saber sobre sua conduta.

Então, Ayako tenta em vão aplicar um golpe em um amigo do patrão, e acaba presa. A cena final traz a imagem congelada dela olhando diretamente para a câmera, recurso que foi posteriormente copiado em outros filmes. Por exemplo, em “Os Incompreendidos” (1959), de François Truffaut.

Crítica social

Desde a primeira sequência, quando o filme apresenta o Sr. Asai, personagem do patrão, Mizoguchi critica a sociedade patriarcal predominante no Japão. Nesse sentido, caracteriza o patrão como um ser desprezível, que trata mal suas empregadas de casa e sua esposa. Proprietário de uma grande empresa farmacêutica, ele assedia suas funcionárias, entre elas, Ayako. Posteriormente, essa visão realista do Japão que se modernizava e se ocidentalizava, ecoaria no movimento italiano que surgiria após a Segunda Guerra Mundial.

Em quatro ou cinco sequências, Mizoguchi movimenta a câmera para acompanhar os atores. Aliás, em travellings ousados, que permitem que a câmera atravesse paredes para seguir o objeto perseguido. Ao passar de um cômodo a outro, vemos a lateral de uma parede, o que afasta o espectador deliberadamente da realidade. Anos depois, Brian De Palma retomaria isso nos anos 1970 (ex: “Irmãs Diabólicas”, de 1972), de forma maneirista.

Em suma, “Elegia de Osaka” é um filme menor do brilhante diretor Kenji Mizoguchi, mas que já permite transparecer o talento que desabrocharia logo em seguida.


Ficha técnica:

Elegia de Osaka (Naniwa Ereji, 1936) Japão, 71 min. Dir: Kenji Mizoguchi. Rot: Yoshikata Yoda, Tadashi Fujiwara. Elenco: Isuzu Yamada, Seiichi Takegawa, Chiyoko Okura, Shinpachiro Asaka, Benkei Shiganoya, Yoko Uemura, Kensaku Hara, Shizuko Takizawa, Eitaro Shindo, Kunio Tamura, Takashi Shimura.

Leia também: crítica de “Os Músicos de Gion”

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