Pesquisar
Close this search box.
Entre Dois Amores (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Entre Dois Amores

Avaliação:
7/10

7/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

Sydney Pollack sempre foi um diretor competente. Seus melhores filmes incluem Mais Forte que a Vingança (Jeremiah Johnson, 1972), Tootsie (1982) e A Firma (The Firm, 1993). E, este Entre Dois Amores (Out of Africa, 1985), pelo qual ganhou dois Oscars, (melhor direção e melhor filme – este, por também ser o produtor), dos sete que o longa arrebatou. Mas, Pollack não é brilhante, e este filme evidencia isso. Baseado no livro e outros escritos de Karen Blixen, bem como nos livros “Isak Dinensen: The Life of a Story Teller” (de Judith Thurman) e “Silence Will Speak” (de Errol Trzebinski), o filme conta a história da interessante escritora Blixen, focando nos anos em que ela passou no Quênia. Contudo, apesar da protagonista fora-de-série e das aventuras que ela vivenciou nessa época, as 2 horas e 41 minutos do filme custam a passar.

O que atravanca o andamento de Entre Dois Amores são as várias e longas sequências que parecem ter a intenção principal de mostrar as belezas naturais da África. Sob a grandiosa trilha musical de John Barry, há muitas cenas aéreas contemplativas, desde os créditos iniciais, que surgem após o prólogo na Dinamarca, país de origem de Blixen. Somente alguns desses momentos parecem indispensáveis à narrativa, como aquele em que Blixen atira numa leoa (que comprova o espírito indômito da protagonista), ou o voo aéreo com seu amante Denys (Robert Redford, frequente ator na obra de Pollack), que marca o quanto ele a deslumbra. No entanto, o safári profissional acaba cansando, em especial em cenas tolas como aquela em que os personagens colocam uma vitrola perto de macacos para observar sua reação.

A busca por experiências

A história se inicia em 1913, quando Karen Blixen inicia sua estadia no Quênia. A princípio, para se encontrar com o sueco Bror (Klaus Maria Brandauer) e, imediatamente, se casar com ele. Mas, é um casamento mais por conveniência do que por amor, apesar de que ela começa a se afeiçoar ao marido com a convivência. Porém, ele se mantém ausente a maior parte dos dias, pois frequentemente sai para caçar – e, na verdade, se encontrar com suas amantes. Então, ela se ocupa em tocar a fazenda que o casal comprou, onde cultivam café. Mas, a solidão a leva a buscar novas amizades. Logo, ela inicia um interesse por Denys, que só se concretiza em um romance após seis anos – no terço final do filme.

A personagem principal, interpretada magnificamente por Meryl Streep, carrega o filme. Sua personalidade distinta mantém o interesse do espectador durante toda a trama. Ousada para sua época, ela já mantém um duplo relacionamento com Bror e seu irmão Hans. Era amiga de Bror e amante de Hans, mas acaba escolhendo se casar com o amigo, simplesmente porque não aguentaria ficar em casa como era esperado de uma baronesa como ela.

O casamento a leva para o continente africano, onde ela busca as experiências que quer ter em sua vida. Assim, ao invés de esperar em casa o retorno do marido que foi lutar contra o exército alemão na África, ela parte sozinha com seus empregados atrás dele. No safári com Denys, ela não se deita no chão quando atacada por leões, como ele a aconselha. Prefere ficar de pé e atirar no agressor. Além disso, sua nobreza a leva a fundar uma escola para as crianças indígenas e ainda a lutar para que os nativos não percam suas terras.

A direção

Alguns acertos por parte de Sydney Pollack ajudam a corroborar a boa receptividade que Entre Dois Amores teve na época de seu lançamento. Por exemplo, o diretor opta corretamente por não mostrar cenas de Blixen em seu breve retorno para a Dinamarca para se curar da sífilis. Ao invés disso, coloca sua voz narrando sua viagem de volta enquanto vemos cenas do que acontece na sua casa africana durante sua ausência. Dessa forma, o espectador continua na África, o que ajuda a mantê-lo conectado ao local principal da história.

Por outro lado, alguns pontos diminuem o filme. Como o diálogo entre Blixen e Bror, ainda no prólogo, quando eles decidem se casar. O plano/contraplano dos close-ups parece muito artificial, como se o plano geral fosse gravado em locação e os planos fechados no estúdio. Além disso, durante todo o filme, as vozes parecem dubladas, o que insere um grau adicional de artificialismo indesejado no longa.

Ao final, ficamos com a impressão de uma experiência mais contemplativa do que imersiva. Talvez uma versão mais enxuta, privilegiando a personagem principal, e não as paisagens africanas, poderia resultar num filme mais empolgante.     


Entre Dois Amores (filme)
Entre Dois Amores (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo