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Poster do filme "Ernest Cole: Lost and Found"
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Ernest Cole: Lost and Found

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

A 48ª Mostra SP concede a Raoul Peck o Prêmio Humanidade, que homenageia personalidades que destacam questões humanistas, sociais e políticas. A escolha do cineasta haitiano se deve ao seu filme Ernest Cole: Lost and Found, em exibição na mostra, obra que combate o racismo.

O documentário conta a história do fotógrafo sul-africano Ernest Cole (1940-1990), que expôs ao mundo os horrores do apartheid no livro “House of Bondage” (1967). Mas o filme não se restringe apenas a essa obra famosa, que obrigou Cole a se exilar em Nova York. Como novidade, traz parte dos 60 mil negativos encontrados em um banco sueco em 2017.

O ator LaKeith Stanfield interpreta a voz de Ernest Cole nas narrações que conduzem a maior parte do documentário. O texto vem majoritariamente das palavras escritas pelo fotógrafo, e são complementadas também por vídeos com entrevistas de Cole. O que ele tem a dizer se mostra tão poderoso quanto suas fotos. Por sua vez, o diretor Raoul Peck consegue escolher e montar as fotografias para dar um sentido único a cada cena. Considerando o enorme volume do material, o resultado é ainda mais surpreendente.

Da origem ao exílio

Nos segmentos iniciais, antes do exílio, Ernest Cole: Lost and Found ressalta os flagrantes do racismo do apartheid que o artista registrou nas ruas sul-africanas. Para isso, aprendeu a tirar fotos rapidamente, antes de ser notado pelos policiais do governo. Assim, colheu evidências para expor ao mundo o que acontecia em seu país. No filme, trechos de propaganda oficial são contrariados pelas imagens e pela narração de Cole. Flagrantes de placas determinando “Whites Only” ou mesmo “Europeans Only” estavam em todo lugar, e a câmera de Cole as registrou impiedosamente. Contudo, não tinha como ele permanecer nesse país governado por um poder opressor.

O documentário, então, apresenta a vida de Cole no exílio, a partir de 1966. Nos Estados Unidos, encontra também a discriminação racial. Montagens perspicazes do diretor aproximam situações similares nos dois países. Mas as suas fotos na América não despertam a mesma apreciação que tiveram os registros de seu local de origem. Sem poder voltar para a África do Sul, Cole se tornar um sem-teto em 1971.

Encontrar o material perdido no banco da Suécia representou uma redescoberta do trabalho de Ernest Cole, anos após a sua morte. Além disso, levou à publicação de um livro com as fotos inéditas tiradas nos Estados Unidos. Com o filme de Raoul Peck, então, a sua contestadora obra alcança novos públicos, mantendo viva a sua luta ainda necessária contra o racismo. Peck, da mesma forma, contribui para a causa novamente, como fez com Eu Não Sou Seu Negro (2016).

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Ficha técnica:

Ernest Cole: Lost and Found | 2024 | 106 min. | França, EUA | Direção: Raoul Peck | Roteiro: Ernest Cole, Raoul Peck | Elenco: LaKeith Stanfield (voz).

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