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Eu Vejo Você em Todos os Lugares (filme)
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Eu Vejo Você em Todos os Lugares

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

Eu Vejo Você em Todos os Lugares traz o cineasta Bence Fliegauf de volta ao formato fragmentado do seu impactante filme de estreia, Rengetec (2003). São sete pequenas histórias envolvendo duas ou três pessoas em situações dramáticas. Em quase todas a estrutura consiste em um flash forward e uma resolução surpresa que quebra as expectativas que tendemos a construir com nossos preconceitos.

Por exemplo, é o caso do segmento em que uma mãe religiosa implica com os jogos que seu filho cria com os amigos. Neles, os jogadores assumem formas de animais com poderes extraordinários, e a mãe critica o uso de cobras e corujas, e ela argumenta que Deus as expulsou por serem do mal. A conclusão dessa vinheta revela, com violência fora do quadro, que a mulher fanática estava correta.

Ao fim de quase duas horas de conflitos, o epílogo apresenta um respiro, quando uma menina conduz, simbolicamente, o seu avô com a saúde debilitada para seu descanso final. A luz branca que invade a tela serve de pano de fundo para a entrada dos créditos – de cima para baixo, quebrando o protocolo.

Estilo e mensagem

Esse clarão contrasta com a fotografia predominantemente escura do filme. As cenas acontecem quase todas à noite e/ou em interiores. Nas tomadas noturnas exteriores, a iluminação artificial é nula ou muito fraca, o que deixa os personagens na penumbra. Há uma evidente busca pela filmagem amadora, com uma câmera na mão que faz o movimento de estilingue quando transita entre os atores. Os planos são longos, mas o filme contém cortes, principalmente para enfatizar trechos dramáticos, em jump cuts que aproximam repentinamente o close no rosto. Apesar de essa opção estilística dar a sensação de intimidade, adequada para as situações filmadas, elas também são um empecilho para o espectador. Em quase duas horas, esses recursos exaurem o público, que se sente atordoado com a constante tremulação da câmera.

Por outro lado, como experiência extra-fílmica, Eu Vejo Você em Todos os Lugares representa um teste para quem o assiste. Conseguimos sentir empatia por pessoas que não conhecemos? Afinal, a fragmentação do filme impede que nos tornemos íntimos dos personagens, como acontece num longa-metragem com uma só narrativa. Aqui, sem saber de antemão quem são essas pessoas, as vemos já numa situação dramática. O filme de Bence Fliegauf quer demonstrar que sim, que podemos nos conectar com elas, e isso pode ser uma abertura para que também nos interessemos pelas pessoas que encontramos nas ruas, nos ônibus etc., e com as quais optamos por não nos envolver.  


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