O Festival de Cannes abre espaço para o cinema brasileiro em sua edição de 2024.
Experiente no evento na Côte D’Azur, o cineasta Karim Aïnouz desta vez compete pela Palma de Ouro com o seu longa Motel Destino. “É sempre muito emocionante ter um filme selecionado para o Festival de Cannes. Embora seja a minha sexta vez aqui, parece a primeira. Foi lá que estreei com Madame Satã, há mais de 20 anos. Depois, exibi na Quinzena dos Realizadores Abismo Prateado e fui premiado com A Vida Invisível na mostra Un Certain Regard. Foi no festival que dividi com o público Marinheiro das Montanhas, um filme tão pessoal sobre a história dos meus pais. E também Firebrand”, celebra o diretor.
Também concorre à Palma de Ouro, na categoria curta-metragem, Amarela, de André Hayato Saito. Na trama, a adolescente nipo-brasileira Erika, que rejeita suas origens, enfrenta a violência oculta do racismo e da identidade cultural em 1988.
Marcelo Caetano, que fez Corpo Elétrico, concorre em Cannes com seu novo filme, Baby. E a dois prêmios: o Grande Prêmio da Semana da Crítica e a Palma Queer. O longa conta o turbulento relacionamento entre Wellington e Ronaldo nas ruas de São Paulo.
Também com exibição na mostra competitiva na Semana da Crítica, o curta A Menina e o Pote. A animação é uma parábola que nasceu de uma tentativa catártica de traduzir experiências do início da vida adulta. “Alguns dos símbolos que organizam a narrativa são metáforas de episódios bastante íntimos: o pote, o seu rompimento, o vazio que o preenchia, a perda de contornos, a busca por uma tampa e a integração final com o vazio dentro do pote. Quando eu estava investigando a cosmogonia ameríndia e fazendo experiências com Plantas Sagradas Amazônicas, percebi como a trajetória da Menina espelhava, de alguma forma, a de uma iniciação xamânica.”, diz a diretora Valentina Homem.
O documentário A Queda do Céu, de Gabriela Carneiro da Cunha e Eryk Rocha, estreia no festival com duas indicações: ao Golden Eye e à Quinzena dos Cineastas. Baseado no livro de Davi Kopenawa e Bruce Albert, o filme mostra o festival fúnebre dos Yanomami, apresentando, assim, a cosmologia desse povo.
Além disso, o Festival de Cannes 2024 exibe na mostra Cannes Classics a versão restaurada de Bye Bye Brasil (1980), de Cacá Diegues, que concorreu à Palma de Ouro. Estrelado por Betty Faria, José Wilker e Fábio Jr., a produção foi um enorme sucesso nas bilheterias brasileiras.
Até o longa ainda em produção Meu Avô é um Nihonjin ganha exposição na mostra especial work in progress do Ventana Sur dentro Marché du Film 2024. No dia 20 de maio, a diretora do filme, Celia Catunda, de Tarsilinha, fará uma breve apresentação da obra. A animação é sobre Noboru, um menino de 10 anos, descendente de japoneses, que recorre ao avô para investigar a história da família. Apesar de ter sempre evitado o seu difícil passado, Hideo acaba por aceitar contar sua história para o neto.
Também no Marché du Film está Bocha, projeto de longa-metragem da Manjericão Filmes. O roteiro escrito por Josefina Trotta (de Biônicos e da série Manhã de Setembro), terá direção de Caru Alves de Souza (de De Menor e Meu Nome é Bagdá).
O projeto foi contemplado este ano no Fórum de Coprodução When East Meets West, em Trieste, na Itália, com o Producers Network Award. Garantiu, assim, o acesso ao Producers Network, o encontro profissional que é uma das atividades paralelas dentro do Marché du Film do Festival de Cannes.
De quebra, o Brasil ainda entra em evidência com a exibição do documentário Lula, dirigido por Oliver Stone, indicado ao Golden Eye.