Em seu segundo longa-metragem, o diretor e roteirista Jon S. Baird parece ávido por deixar sua marca de cineasta visceral. Ou seja, com montagem ágil, fotografia em tons lúgubres e temática violenta e despudorada. No estilo de seu compatriota britânico Guy Ritchie.
Filth acompanha Bruce (James McAvoy), um policial de Edinburgh na Escócia enquanto tenta resolver um caso de roubo e assassinato para ser promovido a inspetor. Porém, ele é prejudicado por não superar o fato de sua mulher o ter deixado, levando a filha consigo. Por isso, se afunda cada vez mais nas bebidas e nas drogas. Logo, ele descamba para um estado em que não consegue mais distinguir as suas alucinações da realidade.
O personagem de James McAvoy assume a narração desde o início, a princípio descrevendo o ambiente de Edinburgh e seu trabalho. Depois relata sua visão dos acontecimentos, gradativamente menos fidedigno conforme seu grau de entorpecimento. Em certo momento, descobrimos que ele sofre também por um trauma de infância envolvendo seu irmão caçula.
Características
A montagem ágil logo se destaca, como na sequência em que Bruce descreve cada um dos seus colegas da delegacia, que ele enxerga como concorrentes para conquistarem a promoção a inspetor. A trilha sonora representa outro elemento anticonvencional, já que o diretor Jon S. Baird insere músicas conhecidas em situações inusitadas. Além disso, sem nenhum pudor em ser ousado, Baird inclui até uma passagem musical.
O título do filme aparece em um dos diálogos quando um personagem se dirige a Bruce como sendo um lixo (“filth”), já na parte final em que o policial se encontra em situação alucinada. Mas o termo ecoa durante todo o longa, revelando um clima sujo e depravado que reflete a vida do protagonista, e que a fotografia em tons verde musgo salienta. Há muita nudez e sexo que nada tem de sensual, e contribuem para a sensação de podridão que o final da estória procura amarrar com uma revelação surpreendente.
Vale a pena assistir?
O filme Filth é indicado para quem aguenta esse ritmo frenético, moderno e não se abala com o tema depravado. Em outras palavras, uma boa pedida para quem curtiu Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Lock, Stock and Two Smoking Barrels, 1998) e, principalmente, Snatch: Porcos e Diamantes (Snatch, 2000), ambos de Guy Ritchie. Além, claro, de Trainspotting: Sem Limites (Transpotting, 1996), de Danny Boyle, cujo roteiro se baseou num livro escrito por Irvine Welsh, autor também da obra que deu origem a Filth.
Ficha técnica:
Filth – O Nome da Ambição (Filth, 2013) Reino Unido/Alemanha/Suécia/Bélgica/EUA. 97 min. Dir/Rot: Jon S. Baird. Elenco: James McAvoy, Jamie Bell, Eddie Marsan, Imogen Poots, Brian McCardie, Emun Elliott, Gary Lewis, John Sessions, Shauna Macdonald, Jim Broadbent, Joanne Froggatt, Kate Dickie, Martin Compston, Iain De Caestecker, Shirley Henderson.
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