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Fim da Estrada (filme)
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Fim da Estrada

Avaliação:
4/10

4/10

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Crítica | Ficha técnica

Fim da Estrada (End of the Road) só funciona na chave dramática. Quando envereda pelo policial, erra feio.

É no drama que o filme começa, com Brenda (Queen Latifah) se mudando da casa em Los Angeles onde criou seus filhos, a adolescente Kelly (Mychale Lee) e o pré-adolescente Cam (Shaun Dixon). Após a morte do marido, ela não consegue mais pagar as prestações do imóvel. Numa bela cena, ela caminha pela última vez pelos cômodos, e vê em flashback os bons momentos que a família passou ali. Então, Brenda, os filhos e ainda o irmão imprestável, Reggie (Ludacris), partem para Houston, no Texas. No carro, o garoto Cam pergunta se há negros em Houston. É a antecipação do tema do racismo que entrará de maneira forçada na trama.

Na primeira ocasião em que o racismo surge, faz sentido e serve como alerta para o que isso significa nos Estados Unidos. Ainda no caminho, no estado do Arizona, a família para num posto de gasolina e dois rapazes brancos começam a perseguí-la na estrada. Então, em outro forte momento dramático, Brenda se humilha perante eles para preservar a família. A mensagem até esse ponto é válida e possui o devido impacto. Poderia parar aí, mas dali para a frente o filme perde o rumo. Quando aborda novamente o racismo, força um encontro casual de Brenda com um grupo de neonazistas, no meio do deserto. Além dessa coincidência (uma das muitas na trama) absurda, o enredo ainda mostra-a dando uma surra nos grandalhões dessa gangue. Uma situação desnecessária, pois o outro tema que o filme levanta, o do empoderamento feminino, já estaria bem representado na história principal.

A trama

No enredo, a família ouve um tiro no quarto ao lado no hotel de beira de estrada onde se hospedam. Então, se dirigem até lá e encontram um homem baleado. Sem contar a ninguém, Reggie se apodera de uma mala cheia de dinheiro que encontra no banheiro. E, logo, o dono da grana, o chefão do cartel local, persegue a família para reaver o que lhe pertence. Nesse processo, vemos os personagens agindo da maneira mais tola possível, para assim colocar a narrativa em andamento. Há ainda coincidências muito improváveis, como Brenda estar no hotel justamente no instante da partida da moça que pegou o dinheiro que ela tinha escondido. No final, entre outros pontos, incomoda o fato de o tão poderoso chefão do cartel não ter nenhum capanga além de sua esposa.

A direção

O problema parece estar mais no roteiro, pois a direção mais acerta que erra. Embora Millicent Shelton seja uma diretora de videoclipes que migrou para diretora de séries, e tenha feito apenas um longa, a comédia amadora Ride (1998), ela realiza um trabalho competente em Fim de Estrada. Constrói fortes cenas dramáticas, com recursos funcionais, como o flashback da despedida da casa. Além disso, ousa empregar truques adequados – por exemplo, jump cuts para representar a desorientação da protagonista. E não inventa quando não precisa, mantendo assim planos fixos e sem exagerar na quantidade de cortes.

Mas erra ao mostrar a placa de sinalização “Wrong Way” quando a família parte por uma estrada secundária – além de ser um clichê, a placa estava direcionada a quem dirigia no sentido inverso ao que seguia o carro de Brenda. Encontramos também outro clichê desnecessário, e tão comum nos filmes de hoje, que é mostrar a personagem vomitando para indicar que ela está emocionalmente abalada.

Porém, nem Millicent Shelton consegue salvar a parte final, a da derradeira perseguição do bandido e sua esposa atrás da família de Brenda. Os personagens do bem que tomam as piores decisões possíveis, os vilões que complicam a forma de matar as vítimas indefesas… definitivamente Fim da Estrada não engrena nunca como filme de ação policial.


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