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Flee - Nenhum Lugar para Chamar de Lar (filme)
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Flee – Nenhum Lugar para Chamar de Lar

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Flee – Nenhum Lugar para Chamar de Lar (Flugt, 2021) adota o raro formato de longa de animação documental para contar a história real de um refugiado do Afeganistão. Hoje ele é um prestigiado acadêmico que mora numa casa de campo na Dinamarca, com seu marido. Utilizando nomes fictícios, o filme mostra esse protagonista, Amin, contando a sua vida até o momento para um entrevistador (talvez o diretor deste filme). O relato, que começa na sua infância o emociona, pois é a primeira vez que ele revela seu passado a alguém.

Através de flashbacks, Amin expõe como, desde pequeno, era diferente dos demais meninos, pois gostava de colocar os vestidos das irmãs. Na sociedade islâmica do Afeganistão, isso não é visto com bons olhos. Por isso, Amin esconde da família que é gay, até se tornar adulto. Enquanto isso, outros eventos marcarão sua existência. A guerra civil em seu país faz o seu pai ser levado preso, e nunca mais visto novamente. Amin relembra como a família fugiu para a Rússia, onde se tornaram imigrantes ilegais. Recorda, também, a constrangedora tentativa de fugir num barco, uma experiência frustrada que os levou a uma prisão na Estônia. Por fim, Amin conseguiu fugir para Copenhagen, graças ao sacrifício do irmão.

A direção de Rasmussen

Flee é o quarto longa documental do diretor Jonas Poher Rasmussen, o primeiro no formato de animação. Essa opção, além de contribuir na manutenção da anonimidade das pessoas retratadas, permite que o realizador alterne os recursos para contar a história. Assim, insere imagens de noticiários para revelar o turbilhão de acontecimentos que vira do avesso a vida do protagonista. Ademais, Rasmussen trabalha as possibilidades da própria animação. Nesse sentido, usa um estilo de desenho com traços impressionistas, para os momentos mais dramáticos, refletindo o estado emocional alterado de Amin. Além disso, destaca-se a justaposição na cena final, ao combinar o desenho com a versão real do bosque no fundo do quintal da casa de Amin e seu marido Kasper. Com isso, simboliza o fim da animação (e do filme), e o retorno à realidade.

A história que assistimos em Flee é amarga, e parece ofuscar a atual felicidade de Amin, com seu passado complicado. Parece declarar que a felicidade nunca é plena. Enfim, absorvemos o sentimento, inexplicável com simples palavras, que atormenta um refugiado. A pergunta que abre o filme parece um gatilho para essa reflexão: “O que significa ‘casa’ para você?”. No entanto, a animação pode levar a uma expectativa de picos dramáticos típicos de um relato ficcional. Contudo, não devemos nos esquecer de que se trata de um documentário, portanto a história pode emocionar, mas não através das técnicas de um storytelling.

Surpreendentemente, Flee concorre ao Oscar em três categorias, num fato inédito. Recebeu indicações para os prêmios de melhor longa documental, melhor longa de animação e melhor filme internacional (pela Dinamarca). Aliás, o filme dialoga com outro indicado ao Oscar, Três Canções para Benazir (2021), curta documental do Afeganistão que mostra o outro lado dessa história, aquela dos que continuaram no país.


Flee (filme)
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