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Green Book: O Guia (2018)
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Green Book: O Guia

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

O road movie Green Book: O Guia nos leva de volta à clássica comédia dramática hollywoodiana.

O diretor Peter Farrelly deixa de lado a comédia suja que assinava ao lado do irmão Bobby, como Débi & Lóide (1994), Quem Vai Ficar Com Mary? (1998), e outras. E toca com sensibilidade o tema do preconceito racial no Estados Unidos sulista no início dos anos 1960. Para isso, acompanha a jornada de dois meses de Tony Lip como motorista particular para o músico Dr. Don Shirley. É uma corajosa turnê por uma região onde os negros sofrem discriminação não velada em locais públicos. Por isso, eles viajam com o “Green Book”, que é um guia de viagem publicado para que os negros saibam onde estão os estabelecimentos que os aceitam.

Na verdade, Tony Lip também é preconceituoso, como sua família e amigos de origem italiana. Mas isso não é tão aberto na sociedade na Nova York onde ele vive. Enfim, Lip só aceita o trabalho porque precisa do dinheiro, depois de perder seu emprego numa boate chique. Acontece que o refinado pianista Dr. Don Shirley também revela esse preconceito em relação a todos os que ele considera culturalmente inferior, inclusive os da sua própria raça e os quase iletrados como Tony Lip. Solitário e consciente de que precisa mudar, Shirley resolve fazer uma turnê pelos estados sulistas, para sentir na pele essa discriminação. Durante a viagem, Shirley tenta reeducar Lip, dando-lhe lições de ética e postura. Ao mesmo tempo, este tenta quebrar a afetação do músico.

Road movie

Como todo road movie típico, o filme passa por várias regiões, onde algum evento relevante acontece que avança um passo na já esperada transformação dos dois personagens principais. Em Kentucky, por exemplo, Lip oferece os frangos fritos do KFC, que ele considera comida típica dos negros, mas que Shirley nunca havia provado, muito menos comendo com as mãos. Em outra cidade, Lip o leva a um bar de negros, onde, através da música, Shirley finalmente se conecta com seu povo. Por outro lado, o pianista repreende Lip por jogar um copo plástico pela janela do carro e por furtar uma pedra de jade de uma loja. Além disso, ao se reconhecerem como seres humanos, e não representantes de uma raça ou classe social, os dois acabam por se defenderem, e criar uma amizade.

A direção

A direção de Peter Farrelly é clássica, sem ousadias nos planos ou nos movimentos de câmera. A fotografia de Sean Porter registra a beleza da região sem que isso interfira na narrativa, assim como a efetiva direção de arte de Scott Plauche. Dentro desse espírito do cinema hollywoodiano clássico, Farrelly usa a trilha sonora para provocar o sentimentalismo em cenas mais dramáticas. Por exemplo, quando o personagem de Mahershala Ali troca olhares com os trabalhadores rurais no campo, que o miram com perplexidade ao vê-lo sendo conduzido por um motorista branco.

Por outro lado, a dupla de atores está fantástica. Viggo Mortensen se despe do perfil heroico de Aragorn (da trilogia Senhor dos Anéis) e produz um típico trabalhador imigrante pouco educado, que resolve tudo na força física. E Mahershala Ali brilha novamente como o afetado músico elitista, permitindo apenas que sua sensibilidade transpareça gradativamente.

Enfim, é muito agradável assistir a Green Book: O Guia. O filme consegue a proeza de tocar em um tema sério de maneira leve, sem deixar de dar seu recado.

 

Green Book: O Guia (2018)
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