Este é o décimo-primeiro filme da franquia Halloween. Iniciada em 1978 com John Carpenter, os filmes nem sempre contaram com a atriz principal Jamie Lee Curtis, e passaram por várias mãos. Entre elas, a de Rob Zombie, cujas refilmagens de 2007 e 2009 desagradaram a Carpenter. Desta vez, a produção de Halloween (2018) caiu nas mãos da Blumhouse, empresa especialista no gênero e responsável por sucessos como a franquia Atividade Paranormal e o filme Corra! (Get Out!, 2017). O diretor David Gordon Green, porém, é novato no terror, o que não impediu o projeto de receber a benção do criador do icônico Michael Meyers.
Halloween (2018) retoma a história a partir do que aconteceu em 1978. Quarenta anos depois, Michael Meyers continua internado e Laura Strode (Jamie Lee Curtis) vive isolada e sozinha numa casa no meio do mato. Seu trauma se transformou em paranoia, que a força a se preparar contra novos ataques do serial killer que a atacou. Por isso, perdeu a guarda da filha quando ela tinha 12 anos. Hoje, Laura ainda não se relaciona bem com ela, Karen (Judy Greer), mas consegue conversar com a neta Allyson (Andi Matichak), que está no final da adolescência.
MM ataca novamente
O terror começa quando, um dia antes do Halloween, Michael Myers escapa do ônibus que o transferia para uma instituição com maior segurança. E retorna para Haddonfield, Illinois, em busca de Laura, a única vítima que conseguiu escapar de seu ataque. No trajeto, ele logo mata mais pessoas do que as cinco (segundo a própria protagonista) que ele assassinou em 1978. O filme acompanha as mudanças que ocorreram no gênero durante esse tempo, e as mortes são bem mais brutais. Por sua vez, Laura assume a posição de caçadora e protetora de sua família – a filha e a neta, excluindo o genro que é um personagem babaca. A personagem feminina forte é outro indício de modernidade.
A trama respeita a história original e mantém o mito do assassino monstruoso que é Michael Myers. Ele continua assustador e, nesse sentido, ajuda o fato de nunca se mostrar o seu rosto. Há uma insinuação de humanizá-lo, através da figura do médico que substituiu o Dr. Loomis como seu responsável na instituição. Seria um erro terrível para o filme, mas, isso logo cai por terra quando se revela que esse doutor possui intenções distorcidas. O filme acerta, também, em colocar discretas referências ao primeiro filme, ou ao estilo John Carpenter, pode-se dizer. Nesse quesito, destacamos a cena em que Allyson de repente vê a avó na rua, olhando para ela pela janela da escola, tal qual surgia Michael Myers em 1978. Além disso, ouvimos o inesquecível tema musical, composto pelo próprio Carpenter.
Mais violento
A violência gore é abundante, e suficientemente explícita para agradar os espectadores mais jovens, que talvez desdenhem o que Halloween: A Noite do Terror (Halloween, 1978) apresenta nesse sentido. Boa parte dos jump scares funciona, e, o que é mais importante, o vigor do assassino continua intacto, apesar de sua idade já avançada. No embate com Laura, o filme não cai no erro de igualar as forças dos oponentes. Mesmo armada, a ex-vítima e agora algoz se mostra incapaz de derrotar o bestial serial killer. E, isso trabalha a favor da trama, pois quando as três protagonistas (Laura, sua filha e sua neta) se juntam para enfrentar a criatura, elas conseguem vencê-lo. Aliás, esse fato até permite que se avance em interpretações extensivas, seja no sentido do feminismo ou como exaltação à união entre as pessoas.
Com tudo isso, Halloween (2018) se eleva como a melhor sequência (ou filme derivado) da franquia.
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Ficha técnica:
Halloween (Halloween, 2018) EUA. 106 min. Dir: David Gordon Green. Rot: David Gordon Green, Danny McBride, Jeff Fradley. Elenco: Jamie Lee Curtis, Judy Greer, Andi Matichak, James Jude Courtney, Nick Castle, Haluk Bilginer, Will Patton, Rhian Rees, Jefferson Hall, Virginia Gardner.
Universal Pictures
Trailer: