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Hóspede Indesejado (filme)
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Hóspede Indesejado

Avaliação:
5/10

5/10

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Crítica | Ficha técnica

Hóspede Indesejado (The Intruder) possui uma trama bem resolvida, mas uma direção problemática.

Seu roteirista é o veterano David Loughery, cujo primeiro crédito foi como criador da história de Morte nos Sonhos (Dreamscape, 1984), filme que também contava com Dennis Quaid em um dos principais papéis. Entre seus trabalhos mais conhecidos, está o roteiro de Passageiro 57 (Passenger 57, 1992), sucesso de público estrelado por Wesley Snipes. Na verdade, este Hóspede Indesejado lembra muito o enredo de O Vizinho (Lakeview Terrace, 2008), no qual um casal que se muda para uma nova casa enfrenta um vizinho agressivo.

Desta vez, o casal Scott (Michael Ealy) e Annie (Meagan Good) compra uma bela casa no campo, na região de Napa Valley. Porém, o vendedor, Charlie Peck (Dennis Quaid), que morou ali por décadas, tem dificuldade de aceitar que ele não é mais o proprietário desse imóvel. Por isso, sempre retorna à casa para visitá-la sem avisar aos novos donos. Scott logo se incomoda com sua constante presença, mas Annie não tem coragem de ser indelicada com Charlie. No entanto, ele se torna cada vez mais inoportuno e perigoso.

Trama bem resolvida

O enredo é convincente, pois não parece absurdo que alguém se apegue de forma irracional à casa que foi o lar de tantos momentos felizes durante anos. Principalmente, quando esse alguém esteja agora velho e sozinho, e ainda, falido. Além disso, as circunstâncias que deixam Annie tão suscetível às artimanhas de Charlie parecem sólidas. Afinal, ela se identifica com o antigo morador porque ela também tem origem interiorana (ao contrário do urbano Scott). E, mais ainda, porque ela fica sozinha o dia todo, com o marido trabalhando em San Francisco, a uma hora e meia dali.

É claro que, para criar o suspense que um filme demanda, esse apego se torna uma obsessão de um homem com um passado suspeito. Porém, de qualquer forma, o local onde ele se hospeda após a venda é uma surpresa inesperada, a melhor parte de Hóspede Indesejado (mas que o título nacional sem querer revela).

Direção problemática

Contudo, o que David Loughery criou de interessante desaparece no fraquíssimo trabalho do diretor Deon Taylor. Que, aliás, não é nenhum novato. Mas seus filmes raramente conseguem ser mais do que medíocres. Basta nos lembrarmos de Cores da Justiça (Black and Blue, 2019), A Corrente do Mal (Chain Letter, 2010, obs: não confundir com o ótimo Corrente do Mal, de David Robert Mitchell), ou Traffik: Liberdade Roubada (Traffik, 2018), este último um pouco melhor.

O único destaque de direção em Hóspede Indesejado é o efeito de som na cena em que Scott mostra para Charlie que substituiu o quadro da sala. O volume da voz de Scott é abafado, e ouvimos apenas a respiração nervosa do ex-dono, ficando terrivelmente irritado. E, exceto por algumas aparições quase fantasmagóricas de Charlie dentro e ao redor da casa, no restante a mão de Deon Taylor é apenas burocrática ou mesmo incompetente. Taylor usa o efeito de slow motion nos momentos errados, e, com isso, ao invés de aumentar a emoção, acaba por diluí-la. Veja, por exemplo, no embate final dentro da casa. E, ao longo do filme, há vários erros de edição, tanto na continuidade como no raccord.

Piores escolhas

Porém, o que mais irrita é o uso inapropriado de música no estilo rhythm & blues moderno já na região de Napa, ou seja, no interior. Simplesmente, o gênero não combina com o local, salvo se a intenção for a de mostrar a inadequação do urbano Scott. Mesmo assim, seria errado, pois indicaria que ele teria alguma culpa por querer morar fora da cidade.

Aliás, raramente uma crítica aborda os créditos finais. Mas, neste caso, é preciso apontar como eles são inadequados em Hóspede Indesejado. Logo após a última cena, entram os créditos acompanhados de um rap, daqueles modernos e agressivos, sobre imagens estilizadas da casa como num filme de terror. Qual seria a intenção desse final? Mostrar que a violência urbana chegou ao campo? Que o trauma de Scott pela perda do irmão nos guetos agora despertou e ele sucumbe ao ódio?

Enfim, nada disso combina com o comportamento do casal protagonista ao longo do filme. De fato, a derrota de Charlie devia selar a paz definitiva na casa, ou então, a desistência dos novos moradores em lá continuarem. Qualquer dessas opções seria mais aceitável. No pior dos casos, talvez esse rap resulte simplesmente de um acordo comercial para divulgação dessa música, o que seria uma atitude deplorável de desrespeito ao público.  


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