Filme feito para a TV, produzido pela HBO e com direção de Paul Schrader, o respeitado roteirista de Taxi Driver (1976). O nome de Schrader, e de Dennis Hopper no elenco, não garantem a qualidade de Ilusões Satânicas. Ambos, separadamente, já assinaram produções lamentáveis e essa é mais uma delas.
O filme se passa nos anos 1950, numa realidade alternativa onde a humanidade convive com a magia. O senador Larson Crockett (Eric Bogosian) é contra essa prática e quer proibi-la, principalmente em Los Angeles, onde o seu uso é, para ele, exagerado. Nessa cidade, o detetive particular H. Phillip Lovecraft (Dennis Hopper) é contratado pela atriz Kim Hudson (Penelope Ann Miller) que quer que ele investigue se o seu marido, o poderoso produtor de Hollywood N.J. Gottlieb (Alan Rosenberg), a está traindo. Também entusiasta do não uso da magia, Lovecraft precisa da ajuda da bruxa Hypolyta Kropotkin (Sheryl Lee Ralph) para desvendar o mistério que envolverá o assassinato de Gottlieb e o envolvimento de Crockett.
O melhor de Ilusões Satânicas é a sua introdução, uma colagem de noticiários e comerciais que situam a estória na Los Angeles dos anos 1950 e o uso comum da magia em seu cotidiano. E essa premissa é o ponto forte do filme, inclusive mantendo-o atual, já que hoje essa ideia de universo paralelo está presente em vários filmes e séries produzidos recentemente. Por isso, atualmente, o espectador aceita com naturalidade essa abordagem fantasiosa, mais até do que na época de seu lançamento.
Muita magia, pouco encanto
Contudo, em meio a tanta magia, o filme não encanta. A investigação em estilo noir, com narração do detetive Lovecraft até que funciona, mas. quanto ao envolvimento do senador, a estória perde seu rumo. Talvez a intenção do roteirista Joseph Dougherty fosse criar uma metáfora da caça às bruxas do título. Ou seja, o uso da magia em Los Angeles representando as drogas que infestavam Hollywood nos anos 1990, ou talvez o comunismo nos anos 1950.
Além disso, o tom de Ilusões Satânicas representa outro problema. Apesar do título nacional, o filme não se encaixa no gênero terror, e tenta mesclar suspense com comédia. Utiliza o nonsense para tentar criar graça – letras saem da boca da feiticeira, Shakespeare é trazido de volta para escrever um roteiro de filme, a atuação de Alan Rosenberg como Gottlieb é caricata, os nomes dos personagens homenageiam escritores famosos da literatura de fantasia (Lovecraft, Bradbury), etc. Enfim, talvez por isso as cenas de ação sejam tão ridículas.
Contudo, nada disso funciona. Ilusões Satânicas parte de uma premissa interessante (a magia usada no cotidiano), mas sua estória não leva a lugar nenhum.
Ficha técnica:
Ilusões Satânicas (Witch Hunt, 1994) EUA. 100 min. Dir: Paul Schrader. Rot: Joseph Dougherty. Elenco: Dennis Hopper, Penelope Ann Miller, Eric Bogosian, Sheryl Lee Ralph, Julian Sands, Valerie Mahaffey, John Epperson, Debi Mazar, Alan Rosenberg, Christopher John Fields.
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