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Inimigos Pelo Destino (filme)
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Inimigos Pelo Destino

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

O filme Inimigos Pelo Destino, versão de Abel Ferrara para a tragédia shakespeariana “Romeu e Julieta”, coloca imigrantes italianos em confronto com chineses em Nova York, com visual de videoclipe.

Nesse sentido, a ideia dessa adaptação não é inédita. Robert Wise, junto com Jerome Robbins, já a concretizara em Amor, Sublime Amor (West Side Story, 1961). E com ousadia até maior, pois transformava a peça de Shakespeare em um musical.

Quanto ao artificialismo da linguagem, Abel Ferrara não fica atrás de Wise. Inimigos Pelo Destino não é um musical, mas incorpora elementos dos videoclipes, formato que vivia seu auge na época de produção do filme. Encontramos nele, portanto, muito neon, névoas, fachos de luzes e sombras. E esse visual estilizado é embalado por muita música, em especial o rock, na trilha musical composta por Joe Delia.

Como destaque, a trama é apresentada sem recorrer ao texto, durante os treze minutos iniciais. Assim, nos créditos de abertura, vemos a fachada de uma padaria italiana sendo substituída pela de um restaurante chinês, em plena Little Italy. Em seguida os olhares de reprovação da vizinhança revelam a rivalidade entre as duas etnias imigrantes.

Logo depois, em uma danceteria em Chinatown, um jovem descendente de italianos conhece uma garota chinesa. Porém, a dança apaixonada deles é interrompida por alguns chineses, ameaçando o rapaz, que foge. Então, ele é perseguido até entrar nos limites da área italiana, onde as duas gangues se enfrentam.

China x EUA

Essa rivalidade entre chineses e estadunidenses no filme soa como uma antecipação do que acontece hoje primordialmente no âmbito macroeconômico. Mas já estava presente naquela época, inclusive nos cinemas. Além deste Inimigos Pelo Destino, esse tema foi abordado por Michael Cimino em O Ano do Dragão (1985).

A princípio, no roteiro de Nicholas St. John, colaborador habitual de Abel Ferrara, os mafiosos chineses e americanos da velha guarda já selaram seus termos de convívio pacífico. Contudo, jovens impetuosos dos dois lados continuam a alimentar essa rivalidade colocando em risco o amor entre Tony e Tye.

Sob outro aspecto, Inimigos Pelo Destino contém muitas cenas de ação e violência. O sangue é abundante, mas seu impacto é atenuado pelo distanciamento da realidade provocado pelo visual rebuscado. As imagens priorizam o estilo e, para conseguir manter o controle da iluminação, um dos recursos principais desse longa-metragem, Abel Ferrara realiza as filmagens em estúdio, e não em locações que trariam mais realismo.

Essa escolha pelo estilismo esvazia a dramaticidade, já naturalmente prejudicada por contar uma estória com final conhecido. Como resultado, Inimigos Pelo Destino não é tão pungente quanto os outros filmes de Abel Ferrara que retratam a violência urbana com maior crueza. Por exemplo, Rei de Nova York.


Inimigos Pelo Destino (filme)
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