O prólogo de Jolt: Fúria Fatal soa promissor. Apresenta as origens de Lindy (Kate Beckinsale), uma interessante anti-heroína que sofre de Transtorno Explosivo Intermitente. Ou seja, ela possui um distúrbio que a faz perder o controle facilmente e se torna extremamente violenta. Desde criança, ela passa por diversos tratamentos, que incluem medicamentos fortes e uma temporada no exército. Como consequência, Lindy agora é uma pessoa perigosamente letal.
Contudo, nem tudo está perdido para Lindy. Seu psiquiatra nada ortodoxo, Dr. Munchin (Stanley Tucci), inventa um dispositivo elétrico que ela pode acionar para se controlar. Assim, o próximo passo que ele sugere a ela é aprender a conviver socialmente. Mas, quando ela encontra um homem com quem se dá bem, ele aparece morto. Então, ela parte atrás dos responsáveis, que são pessoas perigosas.
A direção
Jolt: Fúria Fatal é o quinto longa da diretora estadunidense Tanya Wexler, mas sua estreia em filmes de ação. Aqui, a cineasta recorre ao uso de velocidade acelerada nas cenas de lutas, mantendo-se dentro do que se pratica atualmente no gênero. Funciona, mas esse truque já parece desgastado, além de incomodar porque os cortes são tão rápidos que se torna impossível entender o que se passa em alguns trechos. Há, ainda, uma desajeitada tentativa de injetar humor no filme, na cena com a garotinha hacker – mas, totalmente fora do tom do filme.
No visual, Wexler acerta ao usar cores carregadas e luzes neon que inserem um apropriado clima noir. No entanto, erra no branco estourado nas cenas em que a protagonista é subjugada em uma espécie de laboratório dos vilões. Fica a impressão de que se busca um tom mais sombrio, próximo ao terror, mas isso passa longe do enredo. No entanto, o que mais incomoda na direção é o uso exageradamente recorrente de planos rápidos com visões do estrago que Lindy produziria se não estivesse sob controle do dispositivo. Depois da terceira vez que vemos isso na tela, esse artifício se torna irritante.
O enredo
Em relação à história, o filme empurra a narrativa com agilidade enquanto a protagonista segue seu rumo de vingança atropelando quem atrapalha sua investigação. Mas, a trama se enfraquece quando revela as debilidades da anti-heroína. À mercê do vilão, o enredo não se preocupa em justificar por que vilões tão cruéis poupam a sua vida. E a coisa degringola quando tenta surpreender o espectador com uma reviravolta com proporções grandiosas. A revelação decepciona e ainda afasta o drama pessoal da protagonista, que era o que parecia tão promissor no início. Como remendo, o epílogo traz uma participação especial de Susan Sarandon, até para deixar aberta a possibilidade de uma sequência. Porém, Jolt: Fúria Fatal não faz por merecê-la.
Outros filmes de ação protagonizados por uma mulher com incríveis habilidades para combate surgiram recentemente. Entre eles, Atômica (2017), com Charlize Theron, Anna: O Perigo Tem Nome (2019), de Luc Besson, e Ava (2020), com Jessica Chastain. Todos esses superiores a Jolt: Fúria Fatal.
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Ficha técnica:
Jolt: Fúria Fatal | Jolt | 2021 | Estados Unidos | 91 min | Direção: Tanya Wexler | Roteiro: Scott Wascha | Elenco: Kate Beckinsale, Jai Courtney, Stanley Tucci, Bobby Cannavale, Laverne Cox, Constantine Gregory, Ori Pfeffer, David Bradley, Susan Sarandon, Lewis Ian Bray.
Distribuição: Prime Video.