Juliet, Nua e Crua respeita o padrão dos livros de Nick Hornby que melhor foram adaptados para o cinema. Ou seja, é outra agradável comédia romântica com a música como elemento fundamental, como vimos antes em Alta Fidelidade (High Fidelity, 2000) e Um Grande Garoto (About a Boy, 2002).
A estória de Juliet, Nua e Crua parte da interessante premissa de uma mulher, Annie (Rose Byrne), que namora há 15 anos Duncan (Chris O’Dowd), um fã obstinado do músico precocemente aposentado Tucker Crowe (Ethan Hawke), um roqueiro americano que lançou um álbum 25 anos atrás chamado “Juliet”, que alguns apreciadores consideram uma obra-prima e se tornam especialistas na obra. Duncan é um dos líderes deles.
Em uma pequena cidade litorânea inglesa, ele possui um blog sobre esse seu ídolo, onde outros fãs trocam teorias sobre o destino atual do artista. Frustrada por sempre ficar em segundo plano, Annie resolve escrever sua própria opinião sobre “Juliet, Naked”, uma versão demo do álbum clássico, e a publica no fórum do blog de Duncan. Para sua surpresa, o próprio Tucker Crowe lhe envia uma mensagem privada, os dois passam a trocar confidências por email, e resolvem se conhecer pessoalmente.
Inovações
O experiente diretor Jesse Peretz, com vários trabalhos em vídeo clipes e séries de TV, inova na abertura e nos créditos finais de Juliet, Nua e Crua, colocando Duncan na tela como se estivesse gravando um vídeo caseiro para seu blog. Dessa forma, isso serve como apresentação do personagem e depois mostra o quanto ele (não) mudou após os eventos que acontecem durante o filme. É uma figura que nos remete a algum amigo que conhecemos (ou a nós mesmos), com fanatismo equivalente.
Se Duncan permanece juvenil e resiste ao amadurecimento, preferindo valorizar o que não é essencial, o mesmo não acontece com os outros dois protagonistas. Por um lado, Annie percebe que não precisa continuar com sua vida sem sentido e, ao se abrir com Tucker, toma coragem para mudar, ainda que isso tenha sido impulsionado pela traição de Duncan. Já Tucker aprende a lidar melhor com a paternidade em relação a seus filhos de outros relacionamentos.
Jesse Peretz dirige com fluidez o filme, sem inovar muito, além dos vídeos de Duncan para seu blog, que são as cenas de humor mais gratuitas. E aproveita as trocas de mensagens entre Annie e Tucker como vozes em off narrando a estória. Por isso, o ritmo é natural e torna essa rom-com simpática ao espectador. Por fim, a conclusão de Juliet, Nua e Crua deixa um sorriso no público, o mesmo sorriso que o acompanhou durante todo o filme.
Ficha técnica:
Juliet, Nua e Crua (Juliet, Naked. 2018) EUA. 105 min. Dir: Jesse Peretz. Rot: Evgenia Peretz, Jim Taylor, Tamara Jenkins. Elenco: Rose Byrne, Ethan Hawke, Chris O´Dowd, Jimmy O. Yang, Lily Newmark, Ayoola Smart, Denise Gough, Phil Davis, Azhy Robertson, Megan Dodds, Nina Sosanya.