Ladrões (Takers) segue a linha dos heist movies, aqueles filmes sobre ousados planos de assalto. Um dos melhores desse gênero é o clássico Onze Homens e um Segredo (Ocean’s Eleven, 1960), de Lewis Milestone. A fórmula desses filmes inclui elenco de nomes famosos, ingrediente o que o longa-metragem dessa crítica traz, inclusive com a presença do ator Paul Walker, da franquia Velozes e Furiosos, que acabou explorando nesse gênero também.
Por isso, Ladrões apresenta os assaltantes como pessoas legais, que aproveitam a vida sofisticada que o produto dos roubos lhes permite. Bem-vestidos, dirigem carros e motos de luxo, moram em casas e apartamentos de alto padrão, e ainda por cima são bonitões. Logo na primeira parte do filme, assaltam com sucesso um banco, sem ferir ninguém. Enfim, está pronto o esquema para o espectador se afeiçoar a eles. O único do grupo que não se encaixa é Ghost (Tip “T.I.” Harris), que acaba de sair da prisão depois de ser preso em um dos roubos do grupo. A primeira coisa que ele faz é se encontrar com russos (esses sim com caras de vilões perigosos). Depois, quando se reúne com os antigos companheiros, propõe um golpe de dezenas de milhões. Mas será que ele é confiável?
Normalmente, nos heist movies, a polícia não é individualizada, pois representa o obstáculo para a missão dos heróis, que são os bandidos. Mas aqui ela ganha a força de protagonista, na pessoa do policial Jack Welles (Matt Dillon, um dos principais nomes do elenco). Ao contrário dos assaltantes, ele tem uma vida nada glamourosa. Além disso, não cuida tão bem de sua família (a filha do casamento que faliu) como faz o líder da gangue de ladrões, Gordon Jennings (Idris Elba), que faz de tudo para recuperar a irmã viciada.
Um toque de Coppola
Na história, enquanto os bandidos preparam o grande golpe, o policial Jack investiga o assalto ao banco que abre o filme. Mas eles nunca se encontram, embora se aproximem em algumas cenas, até o grande final. Primeiro, Jack persegue a pé um dos membros da gangue, numa sequência eletrizantes de parkour que não fica devendo nada às mirabolantes perseguições de carro dos Velozes e Furiosos de Paul Walker. Em termos de ação, este representa o ponto alto do filme.
Além disso, há um confronto armado entre o grupo de ladrões protagonistas e a gangue de russos, no qual o diretor John Luessenhop se deixa influenciar por Francis Ford Coppola e coloca uma trilha musical melancólica. Não uma ópera como o cineasta de O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972), mas uma composição triste com instrumentos de cordas. Valeu o esforço, essa opção dá um toque trágico que cai bem na mensagem de que o crime não compensa.
Com isso, temos a impressão de que o diretor John Luessenhop gosta de arriscar. Aqui, tem esse momento quase operístico e a humanização do policial em um heist movie. Da mesma forma, em seu filme posterior, O Massacre da Serra Elétrica 3D: A Lenda Continua (Texas Chainsaw 3D, 2013), ousa humanizar o próprio Leatherface, que enfrenta um bando de linchadores.
Enfim, Ladrões alinha a importância dos assaltantes e do policial, vai nesse crescendo com competência até o duelo final, quando três forças opostas se confrontam. A conclusão não empolga muito, e o roteiro ainda tem alguns pontos não bem resolvidos. Mas, as cenas de ação empolgam, até mesmo a intrincada operação para levar dois carros-fortes em um buraco em uma movimentada avenida no centro de Los Angeles. Vale conferir, seja você fã de heist movies ou de filmes policiais em geral.
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Ficha técnica:
Ladrões | Takers | 2010 | 107 min | EUA | Direção: John Luessenhop | Roteiro: John Luessenhop, Peter Allen, Gabriel Casseus, Avery Duff | Elenco: Matt Dillon, Paul Walker, Idris Elba, Jay Hernandez, Michael Ealy, Tip “T.I.” Harris, Chris Brown, Hayden Christensen, Steve Harris, Johnathon Schaech, Marianne Jean-Baptiste, Zoe Saldana, Gideon Emery, Zulay Henao.
