Ligação Explosiva é um daqueles filmes que confiam na força de sua premissa. Lembra Por Um Fio (Phone Booth, 2002), de Joel Schumacher, no qual Colin Farrell não pode sair de uma cabine telefônica sob a mira de um sniper. E, também, Voo Noturno (Red Eye, 2005), de Wes Craven, no qual Cillian Murphy sequestra Rachel McAdams em um avião e a força a ajudar numa conspiração.
Já no filme dessa crítica, um homem ameaça detonar uma bomba plantada num veículo com um gerente de banco, Sung-gyu, e seus dois filhos caso ele não transfira um elevado montante de dinheiro. Mas como essa grana não está disponível, o gerente vai levantando valores parciais. Dessa forma, a trama cria situações tensas nas quais o perigo de explosão se torna iminente.
O enredo começa bem e tem seu melhor momento quando vemos a esposa de Sung-gyu tentando sacar dinheiro e entregar para o sequestrador. Porém, a maior parte das transações acontece via negociações telefônicas, o que gera economia no orçamento da produção do filme, mas também cenas menos empolgantes. Ainda mais porque a edição do som é falha, e torna confuso descobrir quem está falando com o gerente nos telefones que estão com ele. Ora é o sequestrador, ora um funcionário do banco, ora outro…
Tensão que não cresce
Para funcionar, esse tipo de filme deve entregar uma carga de tensão crescente. Mas aqui ocorre o inverso, e a parte final se perde em longas explicações para desvendar quem está por trás desse plano e seus motivos. Embora alterne o uso de flashbacks com cenas com diálogos, esse processo se torna cansativo, e com poucas surpresas. Aliás, a conclusão se alonga demais, como se não soubesse como terminar. Por fim, acaba encerrando com uma cena redundante e sem impacto.
O filme sul-coreano Ligação Explosiva, além disso, só tem quatro cenas de ação, sendo duas de rápidas explosões, uma perseguição mal filmada e mal montada, e o trecho final que revela o destino do sequestrador. O problema não é só na escassez da ação, mas sim a falta de emoção delas.
Curiosamente, embora a montagem do filme seja trôpega, o estreante diretor Changju Kim construiu uma sólida carreira como editor. Na direção, seu trabalho aqui é medíocre. Parece que ele não sabe onde posicionar a câmera e, por isso, insere planos dispensáveis e até sem continuidade (mais uma vez a falha na montagem).
Pelo potencial da sua premissa, este era para ser um filme explosivo, mas esse seu desenvolvimento desperdiça essa oportunidade.
___________________________________________
Ficha técnica:
Ligação Explosiva | Hard Hit / Balsinjehan | 2021 | 94 min | Coreia do Sul | Direção e roteiro: Changju Kim | Elenco: Ji Chang-Wook, Haerry Kim, Ji-ho Kim, Jin Kyung, Jae-in Lee.
Distribuição: Diamond / Galeria.