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Ligações Perigosas (filme de 2022)
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Ligações Perigosas (2022)

Avaliação:
4/10

4/10

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Crítica | Ficha técnica

Ligações Perigosas (Les Liaisons Dangereuses, 2022) já é a nona adaptação da obra homônima de Choderlos de Laclos para as telas, sem contar séries e filmes para a TV.

As mais lembradas são três. Duas delas são contemporâneos ao século 18 de Laclos e foram lançadas quase simultaneamente. Em 1988, tivemos Ligações Perigosas (Dangerous Liaisons, 1988), de Stephen Frears, com Glenn Close, John Malkovich e Michelle Pfeiffer. Um ano depois, saiu Valmont (1989), de Milos Forman, com Colin Firth, Annette Benning e Meg Tilly.

Depois, o diretor Roger Kumble trouxe a história para os dias atuais em Segundas Intenções (Cruel Intentions, 1999). Sarah Michelle Gellar, Ryan Phillippe e Reese Whiterspoon interpretaram os papéis principais, numa versão que se sobressai por sua alta carga de sensualidade.

As novas ligações

Agora, a atriz Rachel Suissa estreia na direção atualizando a obra com destaque para a influência que as redes sociais possuem hoje. Como o prólogo apresenta, o que importava no século 18 (publicação do livro) era o título de nobreza; há vinte anos (lançamento do filme de Roger Kumble) era o dinheiro; e atualmente a fama assumiu esse lugar. O filme sustenta que os valores mudaram, então, isso justificaria essa nova versão.

Para começar, o longa desperdiça o fato de ser uma produção francesa, mesma origem de Choderlos de Laclos. De fato, ao invés de aproveitar a cultura local da criação da obra, trunfo que as adaptações citadas acima não tinham, Rachel Suissa (também autora do roteiro) cria uma trama recheada de influências estadunidenses. Assim, o enredo se desenrola em Biarritz, numa cidade praiana, e um dos protagonistas é um surfista famoso. Além disso, nessa Califórnia francesa, a música que a garotada ouve é predominantemente americana.

É para lá que se muda Célène, a jovem de 17 anos que tem um noivo em Paris. Antiquada, a virgem será o desafio para Tristan, o surfista, levar para a cama, numa aposta com Vanessa, a ex-criança-prodígio que ainda é famosa. As duas celebridades locais, de acordo com a quantidade de seguidores que possuem, fingem ser um casal para manter a popularidade. Mas, a missão de Tristan está em risco, pois ele se apaixona por Célène.

Um filme em formato de posts

Esse Ligações Perigosas (2022) procura ser moderninho. Nesse entido, altera a todo momento o formato de tela e insere emojis e comentários para emular uma tela de celular. O recurso, nada original, se torna logo cansativo. Só em raros momentos traz algo criativo; uma dessas exceções é a analogia da hierarquia da turma comparada com a sociedade do século 18.

Ao focar na fama, o filme se esquece que, por trás de tudo, existe a manipulação através do sexo. Isso está presente na obra original, mas a diretora Rachel Suissa parece não ter capturado esse tema. Por isso, ela insere aquela afirmação sobre as mudanças dos valores através dos tempos. Na verdade, acima do título, do dinheiro e da fama, é o sexo que comanda os personagens, até que o amor supera tudo, como confirmam as demais adaptações para o cinema. E, nesse ponto, essa nova versão fracassa, pois o filme não consegue nunca ser sensual. Enfim, pode-se culpar a falta de ousadia de Suissa ou a interpretação apática dos atores protagonistas (que são engolidos pelos coadjuvantes, em especial o DJ Nino e a prima Charlotte).

De qualquer forma, esse longa decepciona a todos que conhecem a trama original, e até aqueles que chegam ao filme por outros motivos. Não vale nem como alerta contra a supervalorização das redes sociais. Afinal, a conclusão, depois de tudo o que assistimos, se encerra com imagens que copiam postagens nas redes. Ou seja, como se os posts fossem mais importantes do que curtir a festa. Com isso, Ligações Perigosas (2022) parece abraçar, e não criticar o reinado da fama a qualquer preço.

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Ficha técnica:

Ligações Perigosas | Les Liaisons Dangereuses | 2022 | 1h49 | França | Direção: Rachel Suissa | Roteiro: Rachel Suissa, Slimane-Baptiste Berhoun | Elenco: Paola Locatelli, Simon Rérolle, Alexis Michalik, Ella Pellegrini, Héloïse Janjaud, Jin Xuan Mao, Julien Lopez, Tristan Zanchi, Nicolas Berno, Camille Leon-Fucien, Oscar Lesage, Elsa Duchez, Aymeric Fougeron.

Distribuição: Netflix.

Onde assistir:
Ligações Perigosas (filme de 2022)
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