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Luz Natural (filme)
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Luz Natural

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Luz Natural, primeiro longa ficcional do diretor húngaro Dénes Nagy, é um filme de guerra centrado numa perspectiva individual de um personagem diretamente envolvido no conflito. Em O Filho de Saul (Saul fia, 2015), obra-prima do cineasta conterrâneo László Nemes, enxergávamos a história a partir de um judeu num campo de concentração. Desta vez, o olhar está no lado dos algozes, mas um que se sente desconfortável com as práticas de seus companheiros.

Conforme a cartela inicial explica, entre 1941 e 1944, o exército húngaro atuou em territórios da URSS lutando contra revolucionários. O protagonista é um deles, o Cabo Semetka, e apenas mais um deles quando tomam toda a carne do alce abatido de caçadores locais. Logo depois, o grupo rende um pequeno vilarejo, sob suspeita de colaborarem com as guerrilhas. Da mesma forma que subjugaram os caçadores, se aproveita da comida e da moradia dos pobres habitantes. Semetka, junto com outros colegas, comem da sopa que a dona da casa preparou, enquanto os membros da família assistem com fome.

A consciência de Semetka só desperta quando ele avista uma bonita moça, a quem ele veladamente começa a admirar. Mas, após uma emboscada, o batalhão perde o seu comandante e Semetka, o substituto imediato, prende todos os moradores em um celeiro. Logo, chega um comando de reforço, com um novo comandante, Koleszár, antigo conhecido de Semetka e sua família.

Enquanto Semetka e seus homens fazem uma busca nos arredores por moradores que fugiram, Koleszár manda queimar o celeiro com todas os reféns dentro. Depois, quando Semetka acompanha soldados de seu batalhão que foram feridos, ele tem a oportunidade de delatar o terrível ato de Koleszár. Porém, prefere não falar.

Direção e elenco

O diretor Dénes Nagy conta essa história em ritmo lento e com um tom de frieza que faz deste um filme de guerra dramático e não de ação. Os confrontos na floresta com os inimigos estão nas telas, mas concisos e intencionalmente sem grandiosidade. Afinal, ele quer evitar a construção de heróis. Junto com isso, o protagonista pouco fala, o que ele pensa ou sente não está expresso em palavras, mas em seu rosto taciturno que tampouco demonstra tristeza. Ao invés de se derramar em lágrimas, o que poderia ser sua desgraça num campo de guerra, ele guarda suas angústias para si mesmo.

Por isso, é impressionante a atuação de Ferenc Szabó como Semetka. Principalmente, porque esta é sua estreia em filmes. Seu semblante lembra o de Buster Keaton. No entanto, enquanto este era o comediante que nunca ri. Frenc Szabó é o ator dramático que nunca chora. E, nos dois casos, a ausência de expressões óbvias só aumenta o poder de suas atuações.

Luz Natural se destaca, também, pela sua fotografia. O tom, essencialmente escuro, transita entre paletas marrons e cinzas. Os raros instantes de iluminação parecem destacar momentos de esclarecimentos do protagonista. Por exemplo, dentro do celeiro, quando Semetka avista novamente a mulher que admira, e o crepúsculo do plano final.

Enfim, Luz Natural revela a angústia de um anti-herói humanizado. Semetka sente pesar na consciência a brutalidade do exército do qual ele faz parte, mas ele não pretende se apresentar como o corajoso mártir em defesa das pessoas consideradas inimigas.


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