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Mademoiselle Paradis (filme)
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Mademoiselle Paradis

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Dirigido pela diretora austríaca Barbara Albert, Mademoiselle Paradis retrata a história real da pianista cega Maria Theresia Paradis. O filme se concentra em Viena, 1777, quando ela recebeu tratamento do médico alternativo Franz Anton Mesmer.

Esse breve recorte da vida de Mademoiselle Paradis é suficiente para relatar um evento marcante da sua existência. Além disso, pincela as relações sociais daquele período, e como sua família a tratava.

A princípio, Maria Theresia responde bem ao tratamento com magnetismo do Dr. Mesmer. Porém, a recuperação da visão prejudica seu talento no piano. Ademais, o doutor precisa provar à sociedade em geral e à comunidade médica que seu método não é uma fraude. Afinal, apesar do resultado que ele consegue verificar em sua paciente, todos duvidam.

Enfim, Maria Theresia talvez consiga a cura para sua cegueira, se prosseguir com o tratamento, mas ele pode ser interrompido. Para os pais dela, perder o talento como pianista significa perder a pensão que recebem do governo. Já para Mademoiselle Paradis, representa abandonar seu maior prazer. Ao mesmo tempo, significa abstrair-se da única atividade em que ela, ao contrário de ser a portadora de uma deficiência, consegue ser melhor que a maioria das pessoas.

Preconceito

Como aspecto acessório, o filme aborda o preconceito que a aristocracia, classe à qual pertence Mademoiselle Paradis, demonstra com os portadores de necessidades especiais. Nesse aspecto, o garoto manco que é filho de uma das criadas do Dr. Mesmer, é desprezado pelo pai de Paradis logo na chegada à casa do médico. E a esposa deste comenta, em outro momento, que a vida adulta do menino será miserável. Por isso, Paradis dá tanta importância em manter seu talento como pianista, única oportunidade de se sentir superior aos demais.

A diretora Barbara Albert provoca os espectadores que se questionam se também possuem esse preconceito. Os olhos cinzentos e mortos de Mademoiselle Paradis são ampliados na tela grande do cinema, em um close que força o público a encarar essa deficiência por uma longa tomada logo no início do filme. Além disso, Albert evita alguns clichês do cinema clássico. Por exemplo, quando Mademoiselle Paradis recupera parte de sua visão, a câmera não assume a batida visão subjetiva do personagem.

E, Maria Dragus apresenta uma ótima atuação no papel principal, que nos convence como portadora da deficiência visual e não poupa expressões para comunicar os seus sentimentos. Apesar disso, o filme possui um tom contido, e evita apelos melodramáticos que provocam lágrimas no público. Afinal, Mademoiselle Paradis possui uma personalidade forte, que não sente pena de si mesma. Assim, sente-se empoderada para viver feliz com a decisão sobre o tratamento que pode recuperar sua visão.

Porém, o filme guarda um momento poético, que é o mais emocionante de Mademoiselle Paradis. Nele, Paradis e o Dr. Mesmer se conectam pela primeira vez, através da música. Enquanto Paradis toca uma peça clássica, o médico a acompanha de forma espontânea.

Filme de época

Sob outro aspecto, a belíssima reconstituição de época se beneficia do uso de locações na própria Áustria, local onde os fatos aconteceram. Assim, a diretora de fotografia, Christine A. Maier, se aproveitou dessa vantagem para criar uma atmosfera que transporta os espectadores para aqueles tempos. Em especial, nas cenas noturnas, reproduzindo a iluminação a vela.

Enfim, Mademoiselle Paradis se destaca por uma história ainda não levada para as telas, e que enfoca um recorte poucas vezes visto. Ou seja, como vivia uma portadora de necessidades especiais da aristocracia no século 18.

 

Ficha técnica:

Mademoiselle Paradis (Licht, 2017) Áustria/Alemanha, 97 min. Dir: Barbara Albert. Rot: Kathrin Resetarits, Barbara Albert. Elenco:  Maria Dragus, Devid Striesow, Lukas Miko, Katja Kolm, Maresi Riegner, Johanna Orsini-Rosenberg, Stefanie Reinsperger, Christoph Luser.

A2 Filmes

Trailer:
Onde assistir:
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