Marcha Nupcial é um dos filmes mais famosos da fase muda da carreira do diretor Eric von Stroheim. No elenco, o próprio diretor interpreta o protagonista, tendo ao seu lado Fay Wray, atriz que ficaria famosa cinco anos depois, ao estrelar King Kong.
A estória se passa em Viena, em 1914. A família do Príncipe Nicolas está falida, e seus pais tentam ajeitar um casamento arranjado do filho com uma garota rica e manca chamada Cecília. Porém, Nicolas se apaixona por Mitzi, uma garota pobre que está prometida a se casar com o agressivo açougueiro Schani.
Com algumas imagens captadas em Viena, mas a maior parte filmada em Los Angeles, Marcha Nupcial apresenta uma produção opulenta. Principalmente, nas sequências com multidões. Aliás, há até uma sequência em cores, que mostra a procissão de Corpus Christi desfilando pelas ruas, perto dos 36 minutos de filme.
Saint Stephen vs. Iron Man
Por sinal, a religiosidade está muito presente e representa o lado bom na dualidade com o mal. No prólogo, as cartelas introduzem a cidade como um local protegido pelo confortador Santo Estevão (Saint Stephen, no original), mas simbolizado pelo implacável Homem de Ferro (Iron Man, no original). Assim, durante o filme, vemos a Igreja em vários momentos, não só na procissão como também numa situação mais reflexiva vivida por Mitzi. Por outro lado, o Iron Man surge em alucinações da moça, e gargalhando ao testemunhar o triunfo do dinheiro sobre o amor.
A mão do diretor Erich von Strohein se destaca em vários trechos de Marcha Nupcial. Por exemplo, quando ele justapõe um plano de Schani assediando Mitzi com a de um porco presente em seu matadouro. Ou na inserção da chuva no casamento, ou seja, o fenômeno natural enfatizando a tristeza da protagonista. Da mesma forma, chamam a atenção os trechos de fantasia que revelam as mãos do pianista na missa de casamento se transformando em mãos de esqueleto, evidenciando o que de fato representa essa união. Afinal, o próprio filme declara que sem amor, o casamento é um sacrilégio e uma zombaria.
Ritmo lento
Contudo, o filme sofre com o excesso de cartelas, explicando detalhes demais que nem sempre são imprescindíveis para a narrativa. Além disso, Stroheim se deixa seduzir pelo grande orçamento e mantém sequências portentosas demasiadamente longas, que mais decoram do que contam a estória.
Em suma, Marcha Nupcial é instigante nos seus primeiro e último terços, porém, cansativo em seu segmento intermediário. Contudo, não deixa de ser um filme historicamente memorável, pelas suas inovações estilísticas criativas.
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Ficha técnica:
Marcha Nupcial (The Wedding March) 1928. EUA. 113 min. Direção: Erich von Stroheim. Roteiro: Harry Carr, Erich von Stroheim. Elenco: Erich von Stroheim, Fay Wray, Zasu Pitts, Matthew Betz, George Fawcett.