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Marighella (filme)
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Marighella

Avaliação:
5/10

5/10

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Crítica | Ficha técnica

Ao escolher Marighella como seu filme de estreia na direção, Wagner Moura prova que é tão corajoso quanto Capitão Nascimento, seu inesquecível personagem de Tropa de Elite (2007). Afinal, em pleno governo de extrema direita, Moura realiza um longa sobre um revolucionário que lutou contra a ditadura militar, enfrentando possíveis dificuldades adicionais junto à Ancine. O que, de fato, aconteceu, como afirmou a coprodutora Andrea Barata Ribeiro, em entrevista coletiva no dia 29 de outubro de 2021.

Por outro lado, a experiência de Wagner Moura na indústria cinematográfica o levou a se preocupar em realizar um filme popular. Dessa forma, a ideologia inerente ao projeto não ficaria restrita somente a quem já está inserido no contexto político, mas alcançaria o público geral, ou seja, o povo. Com isso, Moura evita o que aconteceu com o Cinema Novo, que apresentou obras engajadas que poucos brasileiros foram às salas de exibição assistir.

Várias cenas de ação diluídas ao longo do filme

De fato, Marighella possui muitas cenas de ação. Já no prólogo, coloca um assalto a trem. E, durante o filme, acontecem vários confrontos entre a polícia e os revolucionários, bem como atentados, o famoso sequestro do embaixador americano, e as emboscadas para capturar Carlos Marighella (Seu Jorge) e seus parceiros. Além disso, eleva o tom de violência com angustiantes cenas de tortura, uma das piores atrocidade do regime militar.

A ação se distribui ao longo do filme. Vai num crescendo até o maior trunfo de Marighella, quando consegue transmitir seu discurso por uma rádio clandestina. Dessa forma, alcançando vasta população brasileira e justificando a notícia no jornal do aliado político Jorge Salles (Herson Capri). Porém, a partir desse momento, o ritmo cai abruptamente, porque Marighella resolve suspender seus atos enquanto a procura da polícia era insistente. Surgem momentos dispensáveis ou redundantes que desaceleram ainda mais o filme. Como a piada com o padre, e a longa conversa sobre a família de um dos companheiros. Ao mesmo tempo, os personagens coadjuvantes assumem os holofotes, tanto como executantes de atos contra o regime, como também no papel de vítimas. Por exemplo, o atentado ao representante dos EUA, e, por outro lado, os membros do grupo que foram metralhados e torturados pela polícia.

Humanizados

Sob outro aspecto, Marighella revela intenção de humanizar esses personagens. Principalmente, o próprio Carlos Marighella que, no prólogo, surge como se fosse um bandido, roubando um trem. Em contraponto, logo na primeira cena o vemos como pai, brincando com o filho na praia. Aliás, imagem que dialogará com cena similar na conclusão do filme. Da mesma forma, o roteiro apresenta a família dos revolucionários Jorge (Jorge Paz) e Bella (Bella Gamero). É uma pena que a atriz Adriana Esteves tenha pouco espaço, não em tempo de tela, mas em profundidade, para desenvolver sua personagem Clara, que era a companheira de Marighella.

Enfim, Marighella é empolgante até o momento da transmissão da mensagem via rádio. Depois, se torna arrastado, com momentos de ação perdidos em trechos lentos e dispensáveis. Mesmo após a morte do protagonista, custa a chegar à sua conclusão. Resultou num filme de 2h35min quando poderia ter uma montagem mais enxuta e dinâmica. De qualquer forma, é um bom filme. E, acima de tudo, importantíssimo porque o assassinato de Carlos Marighella perpetrado em 1969 nunca foi estudado nos livros da escola durante a ditadura. O filme de Wagner Moura não deixa o episódio cair no esquecimento, mesmo durante um governo de extrema direita.


Marighella (filme)
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