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Marshall (filme)
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Marshall

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

Marshall é um drama de tribunal que conta um dos principais casos da carreira de Thurgood Marshall, que se tornaria o primeiro negro a ocupar cadeira na Suprema Corte dos EUA.

Interpretado por Chadwick Boseman, o ator que faz o papel título de Pantera Negra (2018), o jovem Thurgood Marshall é membro de uma associação que defende negros acusados indevidamente. Por isso, é chamado para Bridgeport, Connecticut, para defender Joseph Spell (Sterling K. Brown) da acusação de ter estuprado sua patroa, a socialite Eleanor Strubing (Kate Hudson). Mas, como Marshall possui cadastro na ordem dos advogados de outro estado, ele somente pode atuar em conjunto cm um advogado local. E este é Sam Friedman (Josh Gad), um civilista sem experiência na corte penal.

Porém, a história acontece no início dos anos 1940, e o preconceito racial ainda é forte. Sem obedecer ao princípio da isonomia, o juiz determina que Marshall pode atuar no processo, mas está proibido de fazer qualquer sustentação oral no tribunal. O que ele faz, então, é orientar o inexperiente Friedman durante o julgamento. A dupla astutamente tenta convencer os membros do júri popular de que o ato sexual entre Eleanor e Spell foi consensual.

O trabalho da direção

O diretor Reginald Hudlin possui mais experiência em séries de TV do que no cinema. Por isso, não arrisca muito em Marshall e realiza um filme que parece feito para a televisão. Mas é um produto para TV atual, portanto sem que isso seja pejorativo, visto que hoje algumas séries estão à altura de produções para o cinema. A modernidade, inclusive, permite que Hudlin coloque na tela cenas relatadas pelos personagens que não representa a verdade. Vemos, por exemplo, o empregado negro encostando uma faca no pescoço de sua patroa. Então, isso que Alfred Hitchcock considerou como um erro no seu filme Pavor Nos Bastidores (1950), hoje já é aceito com normalidade. Ou seja, é uma prova de que o mestre inglês estava à frente de seu tempo.

Alguns truques da direção são óbvios, mas funcionam. Quando a socialite e supostamente vítima entra na sala do julgamento, a câmera está posicionada de baixo para cima, dando imponência à personagem. Porém, à medida que ela adentra o espaço do julgamento, a câmera desce até igualar sua altura a das demais pessoas, porque a justiça deve ser cega. No mesmo sentido, quando o advogado Friedman faz perguntas contundentes a Eleanor, a câmera se desloca rapidamente do advogado até a autora da ação. É como se ela recebesse golpes físicos.

Por outro lado, o filme perde parte de sua força por ser uma cinebiografia de uma figura célebre. Como resultado, Marshall parece vencer facilmente demais a causa em juízo. Repare que as argumentações da acusação e da defesa formam um embate disputado durante o filme. No entanto, no momento em que se prova que Eleanor não só consentiu como convidou Spell ao ato sexual, a promotoria logo desaba incapaz de defender suas alegações. Isso talvez reflita o que realmente aconteceu, mas, cinematograficamente, o roteiro perde interesse.

Figura de respeito

Thurgood Marshall, porém, é uma figura respeitada nos EUA, um equivalente ao Joaquim Barbosa no Brasil. E esse episódio em sua carreira representa apenas uma das muitas vitórias dele que estavam ainda por vir. Por exemplo, o final do filme o coloca, ousadamente, tomando água no bebedouro com a inscrição “Somente para Brancos”. Dessa forma, essa cena indica que Marshall ainda teria muito pelo que lutar em prol da igualdade racial. E remete à vasta experiência de Reginald Hudlin como diretor para TV, porque parece a conclusão do primeiro episódio de uma série, que poderia ilustrar outros casos do advogado até ele chegar ao Supremo Tibunal.

O filme concorre ao Oscar de Melhor Canção Original, por “Stand Up For Something“.


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