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Medianeras (filme)
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Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

O filme argentino Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual mergulha o espectador nas profundezas da solidão moderna. Expondo a vida e os sentimentos de seus dois protagonistas, o diretor Gustavo Taretto, em seu primeiro longa metragem, revela que a evolução das tecnologias dos meios de comunicação resultou em isolamento entre as pessoas, justamente o oposto do que se poderia prever.

Para isso, Taretto utiliza a arquitetura urbana de Buenos Aires como se fosse um personagem, como fez Woody Allen com Nova York em Manhattan (1979). Assim, logo no início de Medianeras, cortes de várias fachadas de edifícios preenchem as telas enquanto a narração em off de Martín (Javier Drolas) cativa o espectador ao partir de sua opinião sobre a cidade para expor sua vida pessoal. Da mesma forma, entra em cena Mariana (a espanhola Pilar López de Ayala), cada um em seu pequeno apartamento em diferentes, porém próximos, edifícios.

Destinos que se cruzam

Repetindo a fórmula de Robert Altman em Nashville (1975) e Short Cuts – Cenas da Vida (1993), o filme mostra em separado as vidas dos personagens, com pequenos pontos onde se entrecruzam, deixando no ar a expectativa de quando eles se conhecerão definitivamente. Assim, cada um enfrenta de sua própria maneira a solidão e a frustração de relacionamentos que não deram certo, ao longo das estações de um ano.

O enredo de Medianeras conduz à impressão de ser um filme previsível. No entanto, o desenrolar do filme, contando com uma narrativa intimista em primeira pessoa e com o ambiente escuro dos apartamentos dos personagens, conduzem o espectador a um caminho hermético e claustrofóbico. Para se ter uma ideia, somente após vinte minutos surge pela primeira vez um diálogo no filme, quando Martín pergunta algo para a passeadora de cachorros. Então, em meio a tanta depressão, quem assiste deixa de lado qualquer acusação de previsibilidade do enredo, para torcer por um desfecho feliz aos personagens.

A cena da medianera

Uma cena se destaca dentre todas. O termo “medianera”, como explicado no roteiro, se refere ao lado do edifício sem janelas e que não tem nenhuma função, por isso muitas vezes utilizado para painéis publicitários. Pois Martín e Mariana, cada um em seu apartamento, resolvem abrir uma janela nessa parede. Ao olharem através dos buracos, conseguem se ver à distância. Aliás, Mariana visualiza Martín facilmente na futura janela que surge justamente na abertura de uma cueca de um outdoor imenso.

E Mariana aparece na janela dela logo abaixo de uma enorme seta de outro painel. Talvez inspirado na sequência de abertura do filme New York, New York (1977), de Martin Scorsese, quando o personagem de Robert De Niro se destaca da multidão na rua ao parar logo abaixo de uma seta em neon, esta cena é um momento visual mágico que introduz um pouco de leveza e comicidade à vida Martín e Mariana e marca um ponto de virada no filme.

No meio de tantos filmes disponíveis, vale a pena o esforço de encontrar Medianeras e conhecê-lo. Assim como faz sua personagem Mariana para descobrir “Onde Está Wally?”.

Nota: Este artigo fez parte do workshop “Curso de Crítico de Cinema”, na Latin America Film Institute, com o instrutor Edu Fernandes. www.lafilm.com.br


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