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Mestre dos Mares (filme)
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Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo

Avaliação:
7.5/10

7.5/10

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Crítica | Ficha técnica

O diretor australiano Peter Weir não costuma desapontar. Ele é um dos raros talentos que possuem só filmes acima da média em sua carreira. Alguns deles, excelentes. Por exemplo, Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, 1989) e O Show de Truman (The Truman Show, 1998). Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo é um desses grandes, principalmente pela complexidade de suas filmagens, pois quase todas as cenas se passam no alto-mar, exceto por uma breve passagem pelas Ilhas Galápagos.

Surprise x Acheron

O filme acompanha o HMS1 Surprise, em 1805, que na costa norte do Brasil encontra a embarcação inimiga francesa Acheron. Apesar de esse navio corsário ser maior e mais moderno que o Surprise, o capitão Jack Aubrey (Russsell Crowe) está determinado a perseguí-lo e destruí-lo. Os dois primeiros confrontos são favoráveis à embarcação de Napoleão, na época em guerra com a Inglaterra. Mas, para o terceiro Jack Aubrey prepara uma surpresa.

Em mãos menos hábeis, essa trama poderia se transformar numa enjoativa viagem acompanhando um navio. Porém, Peter Weir elabora alguns conceitos que tornam o filme uma bela aventura épica. Para começar, humaniza a tripulação do Surprise, principalmente o capitão e seu melhor amigo, o médico Stephen Maturin (Paul Bettany). Vários outros membros da tripulação também ganham destaque individuais, o que será essencial para acompanharmos o destino de cada um no embate homem-a-homem com o Acheron. Embora seja uma luta coletiva, sem uniformes distintos para sabermos quem é quem, conseguimos identificar quem é do Surprise porque conhecemos bem as suas fisionomias.

Em contraste, Weir nunca mostra os tripulantes do Acheron. Com isso, consegue o efeito de transformar o próprio barco francês no inimigo. Então, o capitão Jack Aubrey enfrenta uma entidade, e não pessoas como ele. Pelo menos, até o combate final, quando ele usa sua astúcia para enganar o seu oponente, fingindo ser um baleeiro. Que, por sua vez, lhe dará o troco para fugir, numa conclusão inesperada.

“Este navio é a Inglaterra”

Outro aspecto encantador de Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo é o da liderança. Daí provavelmente se origina o título em inglês, “Master and Commander”.

O filme apresenta Jack Aubrey como um verdadeiro líder, aquele que consegue comandar sua equipe mesmo em condições difíceis. Aliás, qualquer analogia corporativa atual soa pequena diante do que sofrem os tripulantes em alto-mar no início do século 19. Fome, sede, trabalho duríssimo, saudades de casa. Que dizer, então, das intervenções cirúrgicas dos ferimentos dos combates? Por isso, Jack Aubrey e seus homens bebem e cantarolam bastante, e comemoram suas vitórias. E Aubrey põe todos para treinar arduamente para disparar os canhões rápida e certeiramente. Após a derrota, a reconstrução. Após uma decisão difícil, a compreensão de que era necessário sacrificar um companheiro para o bem de todos.

Além disso, Jack Aubrey trabalha a escala de hierarquia. Os novos comandantes acumulam experiências. Alguns simplesmente não aguentam o fardo, e pulam do barco, literalmente. Mas, outros, mesmo em tenra idade, ainda adolescentes, provam que darão conta do recado. O discurso antes da batalha final é daqueles que merecem entrar em vídeos de motivação empresariais. “Este navio é a Inglaterra!”, conclama o capitão para que todos deem o melhor de si.

Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo é um filme grandioso, que merece ser visto na tela grande. Merecidamente, concorreu a 10 Oscars, incluindo aos prêmios de melhor filme e melhor diretor; levou pela fotografia e edição de som.

1 HMS significa His Majesty’s Ship, ou seja, o Navio da Sua Majestade


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