“Meu Nome é Coogan”: A estreia da parceria de Clint Eastwood com Don Siegel
“Meu Nome é Coogan” inaugura a parceria de Clint Eastwood com o diretor Don Siegel, que duraria cinco filmes, entre eles o icônico “Perseguidor Implacável” (Dirty Harry, 1971). A dupla ainda não estava tão bem engrenada, e o resultado é uma película divertida, mas com algumas falhas bem visíveis. O ponto forte é o cativante personagem do título, que Eastwood interpreta, e marca propositalmente a transição do ator de faroestes para o gênero policial urbano.
Quem é Coogan
Coogan é um xerife contemporâneo de uma pequena cidade do Arizona, que recebe a incumbência de buscar um prisioneiro condenado por assassinato que se encontra em Nova York. Quando estavam no aeroporto para o retorno, Coogan é atacado por comparsas do criminoso, que consegue escapar. Mesmo desarmado, e desautorizado pelo delegado local, o xerife sai à procura do fugitivo, agindo de forma bruta.
O filme apresenta claramente a personalidade de Coogan no seu primeiro terço, que se passa no Arizona. Ele captura com astúcia e sem frescuras um bandido indígena que se escondia nas montanhas do deserto. Então, no caminho para conduzi-lo para a prisão, para em uma fazenda para fazer sexo com uma mulher casada com quem tem um caso. Em Nova York, ele manterá seu jeito rude, tanto com as mulheres, como com os bandidos. Assim ele se envolverá com a psicóloga da delegacia, Julie (Susan Clark). E, também, com a namorada do criminoso em fuga, Linny (Tisha Sterling), essa última apenas para descobrir o esconderijo do assassino.
Mas, também apanhará bastante da gangue desse malfeitor, primeiro quando é atacado no aeroporto, e depois em uma ótima cena de luta em um snooker. “Meu Nome é Coogan” apresenta outra boa sequência de ação, a da perseguição de motocicleta no parque. Porém, ela se enfraquece quando abandonam o veículo para uma correria a pé. E, inexplicavelmente, o delegado aparece no local. Já antes isso havia acontecido, quando a polícia aparece no snooker, sem sabermos como ela descobriu sobre a briga.
Alheio às mudanças sociais
A produção do filme aconteceu durante a época da cultura hippie, especificamente da onda psicodélica, retratada na balada onde Coogan procura e encontra Linny. O feminismo que estava em alta naqueles anos é completamente ignorado pelo protagonista principal, que usa as mulheres como meros objetos sexuais. Essa opção por não dar importância ao pensamento social vigente acabou por prejudicar as bilheterias do filme, além da citadas falhas no roteiro. Ademais, também pela falta de capricho de Don Siegel em algumas cenas, como a repetição do recurso de uma porta que se fecha violentamente seguida de outra sendo aberta.
Enfim, reside no personagem Coogan a força que consegue manter o interesse no desenrolar da ação desse filme policial. Aliás, o bordão recorrente no qual alguém pergunta ao herói se ele é de Texas confere um bem-vindo alívio cômico. Além disso, ainda permite comunicar que o delegado nova-iorquino faz as pazes com Coogan, quando o personagem de Lee J. Cobb acerta o nome do estado de origem do protagonista. Este, por seu lado, também se mostra mudado ao final do filme, ao oferecer um cigarro ao prisioneiro que lhe deu tanto trabalho.
Ficha técnica:
Meu Nome é Coogan (Coogan’s Bluff, 1968) 93 min. Dir: Don Siegel. Rot: Herman Miller & Dean Riesner e Howard Rodman. Com Clint Eastwood, Lee J. Cobb, Susan Clark, Tisha Sterling, Don Stroud, Betty Field, Tom Tully, Melodie Johnson, James Edwards, Rudy Diaz, David Doyle, Louis Zorich, Meg Myles, Marjorie Bennett, Seymour Cassel.
Assista: entrevista com Clint Eastwood