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Meu Nome é Maria

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Meu Nome é Maria conta a história de Maria Schneider, focando na cena de estupro que filmou com Marlon Brandon para Último Tango em Paris (1972), e nos efeitos que esse filme de Bernardo Bertolucci e essa cena em particular deixaram marcas profundas na carreira e na vida da atriz.  

Como a própria Maria Schneider afirmou, em entrevista para o programa de TV Cinéma Cinémas (registrado no documentário Maria Schneider, 1983 [2022], de Elisabeth Subrin), o ato sexual anal com a manteiga não era real, mas ela chorou lágrimas de verdade. O problema é que o estupro não estava no roteiro, como demonstra Meu Nome é Maria, baseado no livro de Vanessa Schneider (prima da atriz), pois Bertolucci queria captar reações espontâneas dela1. Desta forma, porém, a jovem atriz não teve a oportunidade de se preparar para essa difícil cena.  

Meu Nome é Maria, de Jessica Palud, é estruturado em capítulos lineares separados por transições para a tela preta, e subsequentes elipses temporais. O filme começa com Maria (Anamaria Vartolomei) aos 16 anos, num set de filmagem, vendo o pai, o ator Daniel Gélin (Yvan Attal), trabalhar. Embora ele nunca tenha ajudado a filha até então, o pai agora resolve dar os primeiros empurrões na sua carreira de atriz, o que provoca a irritação da mãe Marie Christine Schneider (Marie Gillain).  

O tango da discórdia 

O filme salta no tempo e mostra Maria Schneider conseguindo o papel principal de Último Tango em Paris. Apesar do tema ousado e das muitas cenas de nudez e sexo, a jovem Maria aprecia as filmagens e a simplicidade do célebre Marlon Brando (muito bem interpretado por Matt Dillon). Mas, sua impressão muda completamente com a improvisação da brutal cena do estupro. Além do choro real de Maria Schneider na cena, o filme mostra que ela ficou enfurecida após o take e ainda continuou a derrubar lágrimas no camarim. Ainda assim, Bertolucci a chama para terminar a cena, quando ela ouve a infame frase de Brando, “É apenas um filme.”, para acalmá-la. 

Logo em seguida, após o lançamento do filme, Maria sofre o repúdio do público e da imprensa por ter feito esse filme que consideram repugnante, a ponto de ser proibido na Itália. O longa de Jessica Palud não lida abertamente com o tratamento desigual que a atriz recebe nesses ataques. Sem justificativas, ela se torna o principal alvo, embora o diretor fosse o verdadeiro autor da obra (e o principal responsável pela cena do estupro). Sem contar que Brando, apesar de dividir o protagonismo na trama com Maria e seu personagem também ter sido sodomizado em uma das cenas, não recebeu críticas por isso. Esse detalhe, porém, não entra em Meu Nome é Maria, que tampouco levanta abertamente uma bandeira contra o machismo predominante na época (os anos 1970). 

Por conta do espectador 

A diretora Jessica Palud prefere não direcionar as relações entre causa e efeito na vida da sua biografada. Os capítulos seguintes revelam que Maria Schneider entrou numa espiral de “vida louca” (termo que a personagem usa). Encontra parceiros sexuais nas baladas e cai no vício da heroína. Passam-se anos nesse turbilhão descendente, até ela conhecer uma jovem acadêmica chamada Noor (Céleste Brunnquell), que se torna sua namorada e a ajuda a se recompor. O retrato conclui num tom positivo, revelando que Maria supera a fragilidade que a dominou por tanto tempo, ao se negar a tirar a roupa numa filmagem, alegando ao diretor que isso não estava no roteiro.  

A ausência daquelas habituais cartelas no final que, por exemplo, informariam que Maria Schneider continuou a atuar até 2008, e morreu de câncer em 2011 (e nunca mais falou com Bernardo Bertolucci), indica a intenção não panfletária de Palud. Decisão acertada, pois assim não entrega tudo numa bandeja enviesada, permitindo ao espectador tirar as suas próprias conclusões. 

1fontes: 

https://www.bbc.com/news/entertainment-arts-38219888

https://www.theguardian.com/film/2016/dec/04/last-tango-in-paris-director-says-maria-schneider-butter-scene-not-consensual

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Ficha técnica:

Meu Nome é Maria | Maria | 2024 | 102 min. | Direção: Jessica Palud | Roteiro: Jessica Palud, Laurette Polmanss | Elenco: Anamaria Vartolomei, Matt Dillon, Giuseppe Maggio, Celeste Brunnquell, Yvan Attal.

Distribuição: Imovision.

Estreia dia 27 de março nos cinemas.

Trailer:

Onde assistir:
Matt Dillon e Anamaria Vartolomei em "Meu Nome é Maria"
Matt Dillon e Anamaria Vartolomei em "Meu Nome é Maria"
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