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Meu Querido Filho (2018)
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Meu Querido Filho

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

O filme tunisiano Meu Querido Filho revela o drama de uma família que perde o filho único para a organização jihadista ISIS na Síria.

Riadh (Mohamed Dhrif) se preocupa com o filho de 19 anos Sami (Zakaria Ben Ayyed), que sofre de forte enxaqueca. Aparentemente, sintoma do estresse que o rapaz sente por causa do vestibular iminente que o deixa abatido e desanimado. Então, Nazli (Mouna Mejri) sugere uma consulta com um psiquiatra, o que acaba acontecendo por pedido do próprio Sami. Mas, nada parece funcionar, e Sami acaba fugindo de casa para a Síria, para onde o pai viaja para tentar trazê-lo de volta.

Realismo

Em seu segundo longa-metragem, o diretor Mohamed Ben Attia desenha um retrato realista desta situação inusitada. A fotografia acinzentada mantém o filme fiel à cor predominante da cidade na Tunísia onde a família da estória vive. Os personagens buscam a autenticidade. São multifacetados em sua vida de classe média baixa, profundos o suficiente para alternarem momentos de sentimentalismo e de distanciamento em relação ao filho. Não há, portanto, como caracterizá-los de maneira maniqueísta sem cair num reducionismo forçado. O máximo que podemos dizer é que o pai ocupa um espaço muito maior junto a Sami do que a mãe. Poém, fugindo de qualquer clichê, isso não se traduz em maior ou menor amor de cada cônjuge pelo filho.

Causa estranheza, para quem está acostumado com produções mais comerciais, acompanharmos um personagem principal como Riadh. Afinal, ele é um homem desprovido de carisma, pouco inteligente, e que prefere esconder sua emoção. Por exemplo, ele se tranca no banheiro para chorar quando Sami foge de casa, escondendo as lágrimas da sua esposa. Dessa forma, o espectador não é convidado a se empatizar com Riadh, evitando um artifício vastamente empregado em dramalhões cujo objetivo é fazer o público chorar.

Ponto de vista

E esse tom contido do protagonista se reflete no próprio filme, que nunca induz o espectador ao sentimentalismo barato. Acompanhamos o drama de Riadh quase que exclusivamente pelo seu ponto de vista. Exceto por algumas cenas em que somos cúmplices de Sami, quando ele finge que estava na escola e quando ele tenta em vão se divertir na balada com os amigos. Tais trechos fornecem dois dados vitais para entender como o rapaz se sentia deslocado, não engajado em passar no vestibular e insatisfeito com a vida que leva. Porém, compartilhamos com o pai a dúvida sobre o motivo deste desgosto.

Mas, o que resta claro, desde as primeiras cenas e confirmado na parte final, é que estamos diante de uma família sufocada. Ainda que exista amor entre eles, o convívio se tornou estagnado. Riadh não demonstra afeto com a esposa, e esta sempre critica as ideias do marido. De fato, os únicos sorrisos sinceros nos seus rostos surgem quando não estão juntos. Ou seja, Riadh ao almoçar com os colegas de trabalho e Sami no vídeo que ele envia para os pais para apresentar a esposa jihad e o bebê recém-nascido. Já Nazli não sorri em cena, mas imaginamos que ela o fará ao chegar na casa das tias para viver com elas.

Por fim, Meu Querido Filho é um drama sem apelações, que convoca o espectador a conter sua emoção, e não a extravasá-la como normalmente o cinema faz.


Ficha técnica:

Meu Querido Filho (Weldi, 2018) Tunísia/Bélgica/França/Qatar. 104 min. Dir/Rot: Mohamed Ben Attia. Elenco: Mohamed Dhrif, Zakaria Ben Ayyed, Imen Cherif, Mouna Mejri, Taylan Mintas, Tarik Copty, Tahani Sadiki.

Pandora Filmes

Trailer:
Onde assistir:
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