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Minha Pequena Terra (filme)
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Minha Pequena Terra

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

O filme Minha Pequena Terra (My Small Land) traz um recorte diferenciado sobre a sociedade japonesa contemporânea. Em seu enredo, descobrimos como vivem os refugiados nesse país tradicionalmente protecionista em relação aos seus costumes.

Para isso, acompanhamos um momento crucial da vida de Sarya (Lina Arashi), uma jovem de 17 anos curda, que vive há anos no Japão. O pai fugiu das perseguições em seu país de origem, junto com Sarya, sua irmã um pouco mais nova e o menino ainda criança. A mãe é falecida.

Sarya já está habituada ao modo de vida local, frequenta a escola, onde tem amigas e trabalha em dois empregos. Seu sonho é ser professora. Porém, tudo vira do avesso quando o visto de refugiados é negado, e a família passa à condição de liberdade provisória. Em outras palavras, isso significa que eles não podem sair da cidade onde residem (Saitama) e nem trabalhar. Mas, não tem como o pai sustentar a família sem trabalhar, e ele acaba sendo preso por isso.

Em paralelo, Sarya inicia um relacionamento muito forte com Sota (Daiken Okudaira), seu colega de trabalho em Tóquio. Esse fato serve de ponte para o filme revelar o conflito entre a insistência do pai em manter as tradições curdas e a vontade de Sarya e da irmã em abraçarem a cultura japonesa e se mesclarem com as pessoas locais com quem convivem. Nesse sentido, uma das questões mais críticas é o casamento arranjado, pois o pai já escolheu o futuro marido de Sarya, um jovem dentro da comunidade curda. Em relação a isso, a narrativa demonstra o amadurecimento da protagonista, que aprende com o sacrifício do pai a equilibrar as duas culturas (a reza na cena final é emblemática sobre essa transformação).

Estrangeira

Como acompanhamos a vida feliz que Sarya desfrutava até a negação dos vistos, compartilhamos a sua tristeza com as graduais perdas, que a fazem se sentir cada vez mais marginalizada. Se antes a sua aparência denunciava que ela era uma estrangeira, embora tentasse alisar o cabelo para se misturar, a partir da restrição legal ela enfrenta perdas concretas. Não pode mais trabalhar, nem ir à faculdade, e sequer se locomover para outra cidade.

A atriz Lina Arashi, com seu físico pequeno e traços delicados, evidencia a necessidade de amadurecer apressadamente, sem a devida preparação. De repente, sem o pai, ela precisa ser a provedora da casa, e lidar com pagamento de aluguel, preparo das refeições e cuidados com o pequeno irmão. Após soluções equivocadas, desaba a chorar – e o espectador chora junto. Por fim, outro momento tocante é a analogia com a brincadeira das pedras do irmão mais novo. Como ele demonstra, a família só se reúne novamente em sua fantasia.

Esse roteiro forte, escrito pela própria diretora Emma Kawawada, sustenta o potencial dramático de Minha Pequena Terra. Já a direção incomoda. Kawawada abusa da câmera na mão, opção de captação mais prática, mas que caracteriza uma agitação que no filme não condiz com a cena. A textura digital, sem granulações, em alguns trechos também atrapalha, afastando do formato cinematográfico e aproximando do vídeo.

Mas a força dramática se sobressai, e Minha Pequena Terra emociona com uma história peculiar.

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Ficha técnica:

Minha Pequena Terra | My Small Land | 2022 | 104 min | Japão | Direção e roteiro: Emma Kawawada | Elenco: Lina Arashi, Takashi Fujii, Sei Hiraizumi, Chizuru Ikewaki, Daiken Okudaira.

Distribuição: Belas Artes à la Carte.

Onde assistir:
Minha Pequena Terra (filme)
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