“Moana: Um Mar de Aventuras” é a típica animação Disney
Moana é a filha do chefe de um povo polinésio escolhida pelo mar para devolver o coração da deusa Te Fiti, que fora roubado pelo semideus Maui. Caso ela fracasse em sua missão, não conseguirá salvar a sua ilha da maldição de Te Fiti e seu povo desaparecerá.
Apesar da desaprovação de seu pai, a avó de Moana encoraja a menina a aceitar o desafio, buscando como aliado o próprio Maui. Além das dificuldades do oceano, a dupla deverá enfrentar uma tribo de cocos selvagens e um crustáceo gigante que encontrou o coração de Te Fiti, que é uma pedra ornamentada, e o mantém como parte de sua coleção de tesouros. O maior embate, no entanto, envolverá vencer a ira da deusa. A aventura, claro, acompanhará o crescimento de Moana, preparando-a para assumir o posto de futura chefa do seu povo.
“Moana” resgata algumas características que deram muito certo, comercialmente, em “Frozen” (2013). O cenário exótico agora migra para o sul do Oceano Pacífico, para as ilhas polinésias, pouco exploradas cinematograficamente. E sua rica mitologia serve como inspiração para a trama. Aliás, os diretores Ron Clements e John Musker repetem a influência mística de outros filmes que realizaram para o estúdio, como “Aladdin” (1992) e “Hércules” (1997). Novamente, o papel principal fica com uma personagem feminina, mas desta vez, pelo menos, com traços diferentes do padrão “Barbie”.
Música e dublagem
Como era esperado, após o arrebatador sucesso de “Let It Go”, há um desfile de canções com vocação de hit, em uma quantidade maior. Destacam-se pelo menos dois grandes candidatos. Uma é “Where You Are”, cantada pelo pai de Moana no começo do filme. A outra, “How Far I’ll Go”, que aparece duas vezes durante a estória e ainda volta nos créditos cantada por Alessia Cara.
A sequência, porém, tipicamente da Disney clássica, surge no combate ao vilão carangueijo Tamatoa, com doses equilibradas de humor e ameaça, durante o qual os personagens cantam. Tamatoa repete aquele vilão poderoso, zombador, mas cuja prepotência acaba permitindo ser derrotado pelo herói mais fraco.
O personagem que passa pela maior transformação no filme é o semideus Maui, que, quando começa a interagir com Moana, se preocupa somente com ele mesmo. A contragosto, aceita a companhia da garota, e as circunstâncias provam a ele que as pessoas devem se ajudar para atingir seus objetivos. A reviravolta definitiva de sua mudança, claro, segue a fórmula do gênero, mas, em se tratando de um filme infantil, é um clichê tolerável.
A dublagem em português sofre por não distinguir devidamente as vozes dos personagens quando jovens e adultos. Nas primeiras cenas, a voz da vó de Moana soa jovial demais, e só envelhece quando está bem mais idosa. A dublagem de alguns personagens, inclusive as duas principais e o pai de Moana, papeis de Any Gabrielly, Saulo Vasconcelos e Saulo Javan, carece de poder de atuação nos diálogos. E isso provoca certo distanciamento entre as representações dos desenhos e o que se tenta expressar em palavras.
Mentoria
Por fim, vale a pena observar a relação bem explorada entre Moana e sua avó. Lembra a relação de mentoria entre Luke Skywalker e Yoda, em “O Império Contra-Ataca” (1980). Até mesmo o suspiro que a velhinha solta após uma lição em vão remete imediatamente ao pequeno ser verde de orelhas grandes. Como a Disney agora detém os direitos sobre a franquia criada por George Lucas, acaba sendo mais um elemento do estúdio presente no filme.
Ficha técnica:
Moana: Um Mar de Aventuras (Moana, 2016) Dir: Ron Clements, John Musker. Rot: Jared Bush. Com vozes de (original em inglês): Auli’i Cravalho , Dwayne Johnson, Rachel House, Temuera Morrison, Jemaine Clement, Nicole Scherzinger, Alan Tudyk.