Morangos Silvestres é uma das obra-primas do diretor sueco Ingmar Bergman. O filme conta como um idoso de 78 anos, Dr. Isak Borg, no limiar de sua vida, redescobre o amor pela vida. É um road movie, pois a história acompanha a viagem deste recluso personagem para receber uma homenagem em outra cidade. Junto com sua nora e três jovens caronistas, esse convívio o faz refletir sobre os sonhos e visões que o perseguem. E que revelam a raiz de todo seu desgosto.
Momentos pesados e leves se alternam no filme, mantendo o espectador interessado no drama do personagem principal, mas sem sufocá-lo. É exatamente esta a forma como o protagonista deve encarar esse problema que o atormenta. Assim como sugerido em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, seu rancor podia ser transmitido a outras gerações. Por isso, seu filho, desgostoso da vida, não deseja ter herdeiros. Em Morangos Silvestres, ao se transformar, o protagonista muda as pessoas ao seu redor.
Nota-se neste filme a influência de Bergman em Woody Allen, seu admirador confesso. Por exemplo, as imagens do passado, mostrando o Dr. Isak Borg como está hoje assistindo e até interagindo com as pessoas daquele período, estão também em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa.
Uma das imagens emblemáticas no sonho do Dr. Isak Borg é o relógio sem ponteiros. Afinal, para que saber as horas se a vida não tem sentido para ele?
Ficha técnica:
Morangos Silvestres (Smultronstället, Suécia, 1957) 91 min. Direção e roteiro: Ingmar Bergman. Elenco: Victor Sjölström, Bibi Andersson, Ingrid Thulin, Gunnar Björnstrand, Julian Kindahl, Gertrud Fridh, Max von Sydow, Akel Fridell, Maud Hansson, Ann-Marie Wiman, Eva Norée, Monica Ehrling.
Postagem originalmente publicada em para ver e ouvir em 22/08/2012.