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MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES ONLINE: DE 22 A 30 DE JANEIRO

Paula Gaitan (cineasta)

A 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes acontece entre 22 e 30 de janeiro de 2021, desta vez totalmente online e gratuito.

A sua vasta programação poderá ser acessada pelo site www.mostratiradentes.com.br, com divulgação pelas redes sociais da Universo Produção, a realizadora do evento. Desta forma, serão exibidos 114 filmes (31 longas, 2 médias e 81 curtas-metragens) em pré-estreias e mostras temáticas. Além dos filmes, o evento apresenta o 24º Seminário do Cinema Brasileiro, com a participação de 102 convidados promovendo 22 debates, a série Encontro com os Filmes e rodas de conversa, bem como 10 oficinas, performance audiovisual, exposição, shows e atrações artísticas.

Segundo afirma a diretora da Universo Produção e coordenadora geral da Mostra, Raquel Hallak: “Mesmo nesse novo formato, a Universo Produção preparou todas as atividades do evento mantendo as características, identidade e personalidade de uma edição presencial. Assim, tanto o público já habituado com a Mostra Tiradentes, quanto aqueles que nunca puderam ir ao evento, poderão desfrutar de uma vasta programação gratuita, compartilhada pelas redes, com o espírito de engajamento e vanguarda das outras edições. Dessa forma, a 24ª Mostra Tiradentes reafirma seu propósito de promover, refletir, exibir e difundir a produção brasileira contemporânea. Adicionalmente, conecta olhares, pessoas, diversidade e todos os sotaques brasileiros e, no ambiente virtual, amplia o acesso e a abrangência do evento”

NOITE DE ABERTURA

Nesse espírito, o formato online não impede a realização de um evento de abertura da Mostra. Portanto, na noite do dia 22, a partir das 20 horas, acontecerá uma performance audiovisual, homenagem à cineasta Paula Gaitán (foto/crédito: Netun Lima/Universo Produção) e exibição, em pré-estreia mundial, de seu mais novo documentário “Ostinato”, sobre o músico Arrigo Barnabé. A exibição estará disponível após o debate inaugural “O Percurso de Paula Gaitán”, que terá a presença de Ava Gaitán Rocha (cantora, compositora e cineasta), Clara Choveaux (atriz), Eryk Rocha (cineasta) e do próprio Arrigo e de Paula Gaitán, com mediação do coordenador curatorial da Mostra, Francis Vogner dos Reis. Um show com o músico Arrigo Barnabé encerra a programação do dia de abertura

TEMÁTICA | VERTENTES DA CRIAÇÃO

A temática proposta para a 24ª Mostra de Tiradentes é denominada “Vertentes da Criação”. Com o estouro da pandemia em fevereiro de 2020, o cinema foi um dos quadros mais diretamente afetados, em várias frentes: fechamento das salas de exibição, interrupção de projetos e filmagens em andamento e, especificamente no Brasil, a ampliação da paralisa do Governo Federal relativa ao setor. A percepção da curadoria, assinada por Francis Vogner dos Reis e Lila Foster, é de que, em anos recentes, houve uma reconfiguração intelectual e empírica dos processos na produção do país, passando por universos simbólicos, ética das imagens a partir dos espaços, personagens e territórios, estética amparada em perspectiva crítica do automatismo das práticas da expressão audiovisual do mercado e, principalmente, a economia de um tempo que resiste ao modelo célere de velocidade da circulação do capital. O cinema brasileiro se reinventa nas circunstâncias a ele impostas e nas inquietações de criadores arrojados que constantemente reinventam as formas do fazer.

Parte das discussões a serem tratadas em filmes e debates ao longo da Mostra veio da própria experiência em Tiradentes de diretores, diretores de fotografia, atrizes, atores, montadores, diretores de arte e roteiristas, que apresentam, a cada ano, ricas e múltiplas vertentes de processos criativos, através de intervenções questionadoras que se descolam de modos e procedimentos criativos e de produção mais normativos do ponto de vista técnico e estético.

“Vertentes da Criação” também nomeia uma das mostras, que reúne os seguintes filmes sob o recorte específico da temática: os longas “#eagoraoque” (SP), de Rubens Rewald e Jean-Claude Bernardet; “Agora” (PE), de Dea Ferraz; “Entre Nós talvez Estejam Multidões” (MG/PE), de Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito; “Negro em Mim” (SP/MG/BA/PE/PA), de Macca Ramos; e “Pajeú” (CE), de Pedro Diógenes; e os curtas “Uma Noite sem Lua”, de Castiel Vitorino Brasileiro; “Filme de Domingo”, de Lincoln Péricles; e “República”, de Grace Passô.

Além dos filmes, sete mesas de debate levantarão discussões que se enquadram nas ideias desenvolvidas a partir da noção de “Vertentes da Criação”, com a presença de diversos profissionais do audiovisual, entre diretores, atores, atrizes, produtores e roteiristas.

HOMENAGEM | PAULA GAITÁN

Nascida em Paris e de origem colombiana, Paula Maria Gaitán lançou seu primeiro filme em 1989, “Uaka”, filmado no Xingu. Antes, já atuava no campo artístico como atriz, fotógrafa e diretora de arte. Foi parceira de Glauber Rocha (1939-1981) em alguns de seus trabalhos mais importantes, fazendo o cartaz de “Cabeças Cortadas” (1970), a cenografia de “A Idade da Terra” (1980), no qual também atuou diante das câmeras e ilustrações de livros do realizador baiano. Como diretora, assinou filmes diversos, ora inovando nas abordagens e nas formas visuais e sonoras, como “Diário de Sintra” (2007) e “Noite” (2014), ora se aproximando intimamente de figuras importantes da criação, como “Vida” (2010), com Maria Gladys, “Agreste” (2010), com Marcélia Cartaxo e “É Rocha e Rio, Negro Léo” (2020). Na ficção, dirigiu “Exilados do Vulcão” (2013) e “Luz nos Trópicos” (2020).

“A obra da Paula responde de maneira abrangente ao emblema da experimentação estética e da experiência poética. Cada um de seus filmes se empenha em buscas distintas, sempre novas, abrindo caminhos inexplorados sobretudo por ela mesma. A cada filme ela refaz, repensa, redescobre e reinterpreta a dimensão do personagem, do tempo, do plano, da montagem e do som”, afirma o curador Francis Vogner. Além do debate inaugural e de “Ostinato” na abertura, com a presença de Paula será realizada uma Mostra Homenagem, com a exibição de oito trabalhos: os longas “Diário de Sintra”, “Exilados do Vulcão”, “Noite”, “Luz nos Trópicos”, o videoclipe “A Mulher do Fim do Mundo” (de Elza Soares) e os inéditos “Ópera dos Cachorros”, curta, e “Se hace camino al andar”, média.

FILMES

O público poderá conhecer a atual produção audiovisual brasileira de onde ele estiver – esta é vantagem do formato digital do evento. Uma seleção de 114 filmes (entre longas e curtas-metragens), de 19 estados brasileiros, reúne o que há de mais recente na cinematografia brasileira contemporânea, apresentando a diversidade e pujança criativa do setor, mesmo em cenário adverso de pandemia e de dificuldades financeiras para os profissionais da área nos últimos dois anos.

A coordenação curatorial do evento é assinada pelo crítico Francis Vogner dos Reis que divide com a pesquisadora Lila Foster a seleção de longas-metragens. A curadoria de curtas-metragens foi feita por Camila VieiraTatiana Carvalho Costa e Felipe André Silva. Os filmes estarão distribuídos nas seguintes mostras: Aurora, Olhos Livres, Temática, Homenagem, Foco, Panorama, Foco Minas, Praça, Formação, Sessão da Meia-noiteJovem e Mostrinha. Vários deles contarão com debates ao longo do evento, nos Encontros com os Filmes, com a presença de diretores, equipes de produção e críticos convidados.

Serão exibidos 31 longas-metragens em pré-estreias, divididos em oito mostras: Aurora, Olhos Livres, Homenagem, Vertentes da Criação, Foco Minas, Praça e Mostrinha.

Mostra Aurora, dedicada a filmes de realizadores com até três longas-metragens, conta com produções inéditas em circuitos de festival. De estética fortemente inventiva e realizados com poucos recursos, os sete selecionados desse ano são: “Açucena” (BA), de Isaac Donato; “Oráculo” (SC), de Melissa Dullius e Gustavo Jahn; “Rosa Tirana” (BA), de Rogério Sagui; “Kevin” (MG), de Joana Oliveira; “A Mesma Parte de um Homem” (PR), de Ana Johann; “O Cerco” (RJ), de Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spíndola; e “Eu, Empresa” (BA/MG), de Leon Sampaio e Marcus Curvelo. Todos vão ser avaliados pelo Júri da Crítica e concorrem ao Troféu Barroco e a prêmios de parceiros da Mostra. Leia mais aqui.

Mostra Olhos Livres se notabiliza pela diversidade de olhares e formas e por não ter conceitos fechados ou critérios uniformizantes. Consolidou-se como uma mostra competitiva que esboça um panorama mais amplo de algumas das proposições mais instigantes do cinema contemporâneo brasileiro, em vários casos de títulos ou realizadores com alguma repercussão prévia em eventos de cinema de alcance nacional ou internacional. Em 2021, os selecionados são: “Irmã” (RS), de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes; “Amador” (GO/MG), de Cris Ventura; “Subterrânea” (RJ), de Pedro Urano; “Nũhũ yãg mũ yõg hãm: Essa Terra é Nossa!” (MG), de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero; “Rodson ou (Onde o Sol não Tem Dó)” (CE), de Cleyton Xavier, Clara Chroma e Orlok Sombra; e “Voltei!” (BA), de Ary Rosa e Glenda Nicácio. Leia mais aqui.

Apesar do contexto da pandemia impossibilitar a realização presencial do tradicional Cine-Praça, uma das atividades mais queridas da Mostra, a programação será mantida com o mesmo perfil de títulos de diálogo popular e imediato, desta vez exibidos no site da Mostra. Os selecionados do ano na Mostra Praça são: “Swingueira” (CE/BA), de Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula; “Mirador” (PR), de Bruno Costa; “Sementes: Mulheres Pretas no Poder” (RJ), de Éthel Oliveira e Júlia Mariano; “Mulher Oceano” (RJ/SP), de Djin Sganzerla; e “Todas as Melodias” (RJ), de Marco Abujamra.

Uma novidade de 2021 é a Sessão da Meia-noite, que vai exibir dois longas-metragens de terror dirigidos por cineastas reconhecidos mundialmente por seus trabalhos no gênero: “O Cemitério das Almas Perdidas” (ES), de Rodrigo Aragão; e “Skull – A Máscara de Anhangá” (SP), de Kapel Furman e Armando Fonseca.

Nos curtas-metragens, serão exibidos 79 títulos distribuídos nas mostras Foco (11), Panorama (26), Foco Minas (9), Temática (3), Praça (13), Formação (9), Jovem (3) e Mostrinha (5). Muitos dos filmes propõem deslocamentos estéticos ou narrativos ao estado permanente de tristeza que imobiliza parte dos cineastas. Em outros títulos, o espectador verá ainda alguns virtuosismos cinematográficos, em trabalhos com o gênero ou referências através de proposições puramente imaginativas e libertárias.

O encerramento da Mostra, no dia 30, tem a pré-estreia de “Valentina” (MG), de Cássio Pereira dos Santos, que integra a seção Foco Minas e foi produzido em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O longa acompanha uma garota trans de 17 anos que se muda com a mãe para a pequena cidade de Estrela do Sul. A protagonista do filme é a youtuber trans Thiessa Woinbackk e o elenco se completa com Guta Stresser e Rômulo Braga.

SEMINÁRIO | DEBATES

Pelo 24o ano, o Seminário do Cinema Brasileiro segue como ambiente incontornável de reflexão, encontros, diálogos, ideias e perspectivas do cinema no país. A ser realizado virtualmente, com transmissões ao vivo, vai reunir 102 profissionais entre críticos, realizadores, produtores, atores, acadêmicos, pesquisadores e jornalistas no centro de 22 debates, incluindo a série Encontros com os Filmes e rodas de conversa.

Ao todo, serão um debate inaugural dedicado a homenageada do evento, três debates temáticos, cinco rodas de conversa, 13 debates da série Encontro com os Filmes, três conceituais sobre a temática desse ano e suas ramificações. “Processos artísticos e criação de personagens”, “Fotografia e mise-en-scène”, ”O cinema como intervenção política”, “Processos e fundamentos da criação”, “Corpo, arte e resistência” e “A poética do cinema de gênero” serão alguns dos assuntos tratados.

PROGRAMA DE FORMAÇÃO | OFICINAS

A Mostra de Tiradentes tem também o compromisso de investir em novos talentos e promove o Programa de Formação com a oferta de oficinas audiovisuais para o público jovem e adulto, visando à capacitação técnica para o mercado de cinema em diversas frentes possíveis de trabalho. Desde sua primeira edição, em 1998, já foram certificados quase 7.000 alunos, em aproximadamente 250 oficinas ministradas.

Em 2021, devido à pandemia, todas as atividades serão realizadas em ambiente digital, mantendo o mesmo propósito e conceito das edições presenciais. Serão ofertadas no período da mostra 10 oficinas e 225 vagas para públicos e interesses diversos. As vagas já estão preenchidas e as opções desse ano são: “Atuação no cinema”, “Audiência do audiovisual – Como os filmes podem alcançar seus públicos”, “Da ideia ao filme: Como desenvolver o seu projeto”, “Documentários domésticos”, “O poder da cultura sonora para o som no cinema”, “Por uma mise-en-scène pandêmica”, “Produção executiva de audiovisual”, “Reencantar o corpo, reencantar o mundo”, “Roteiro de curtas” e “Roteiro para narrativas audiovisuais”.

MOSTRINHA, MOSTRA JOVEM E SESSÃO FAMÍLIA

Dedicadas ao público infantil e juvenil da Mostra de Cinema de Tiradentes, as sessões Mostrinha e Jovem apresentam narrativas ficcionais nos formatos de animação e live-action. Para as crianças, cinco curtas trazem histórias lúdicas e educativas. Para os jovens, três curtas narram dramas com personagens em processo de amadurecimento para a vida adulta.

Mostrinha esse ano conta com a Sessão Família, exibindo em pré-estreia, o longa-metragem infantojuvenil “Passagem Secreta” (PR), de Rodrigo Grota, que mostra a jornada de uma garotinha ao descobrir segredos de sua própria família quando entra escondida num parque de diversões.

ARTE | PERFORMANCE, EXPOSIÇÃO E SHOWS

O cinema em conexão com as outras artes. É com este propósito que a programação artística da Mostra de Cinema de Tiradentes promove uma performance audiovisual, exposição e shows, reunindo diversas linguagens e artistas da cena contemporânea no Brasil.

Já a exposição virtual “Mostra Tiradentes no Tempo” apresenta em 200 imagens a trajetória do evento em 23 edições, com o objetivo de contar a história dessa Mostra cheia de riquezas visuais, representativa de uma iniciativa tão complexa em instalações e estruturas que envolvem a cidade histórica de Tiradentes e a torna anualmente cenário do maior evento do cinema brasileiro.

Em 2021, a Mostra Tiradentes renova a parceria cultural com o Sesc em Minas numa programação artística que inclui a realização de cinco shows de artistas da cena contemporânea no Brasil. Na noite de abertura, dia 22 de janeiro, sexta-feira, às 22 horas, Arrigo Barbané abre a programação de musical do evento. E, no decorrer da Mostra, nomes consagrados da música brasileira já confirmaram presença – Chico César, Fernanda Abreu, Adriana Araújo convida Sérgio Pererê.

Toda programação é gratuita, incluindo os shows, e pode ser assistida de onde você estiver pelo site do evento www.mostratiradentes.com.br e pelo canal do Youtube do Sesc em Minas.

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