Condenado à Liberdade é um filme policial nacional que se passa em Brasília, em 1998, sobre a investigação de um assassinato de um casal pertencente a uma influente e rica família.
A polícia civil local descarta a hipótese de que o marido atirou na mulher e depois se matou. Por isso, quer logo arrumar um bode expiatório para confessar a autoria do crime, solução conveniente para não manchar a reputação da família Vilhena. Afinal de contas, o irmão da falecida está concorrendo ao cargo de senador.
Já o investigador Lopes (Antônio Pompêo) da polícia federal acredita que o assassino é Maurinho (André Gonçalves), o filho mais velho das vítimas. Isso porque havia um conflito entre eles por causa do seu namoro com Ângela (Mylla Christie), uma jovem da classe baixa taxada pela mãe como interesseira. Lopes consegue a prisão preventiva de Maurinho, porém, ele logo é solto por influência política.
O filme começa navegando pelas desavenças entre Maurinho e seus pais. Enquanto isso, a sua avó e matriarca da família, Dona Irene (Nathália Timberg), tenta apaziguar os ânimos, sempre dando tudo que o neto pede. Há diálogos demais para contar essa narrativa, e o filme abusa de planos que o aproximam a uma novela. Intencionalmente ou não, isso acaba levando à surpresa quando o crime acontece.
Investigações
Condenado à Liberdade, a partir daí, ganha um pouco de interesse nas investigações do personagem Lopes. Mas esse impacto vai se perdendo à medida que o investigador fica obcecado em incriminar Maurinho ao invés de buscar as evidências para realmente desvendar o crime. Em uma sequência um pouco absurda, ele dá uma de Dirty Harry e intimida o garoto acusado.
A narrativa segue em ordem cronológica, mas se perde em relação aos personagens. Ora acompanha Maurinho, ora seu pai, ora Lopes, até finalmente Ângela, depois do primeiro flashback do filme, que mostra Maurinho e Ângela na saída de uma balada.
A investigação, o filme policial no estilo whodunit, que era a trama principal de Condenado à Liberdade, de repente é frustrantemente estragada. O espectador que poderia estar buscando a solução do crime se decepciona quando o criminoso confessa a autoria ao assumir pela primeira vez a narração em off. Num terrível anticlímax, o filme entrega de bandeja quem foi o autor do duplo crime, jogando no lixo todo o mistério que custosamente tentava construir.
O filme deixa de lado qualquer preocupação com seus personagens, todos rasos e unidimensionais. O diretor Emiliano Ribeiro desperdiça a presença radiante de Mylla Christie, em um dos seus poucos papéis no cinema. A sua Ângela é uma personagem essencial na história. Porém, não sabemos suas motivações. Nem mesmo se – dilema maior da família – o seu interesse por Maurinho reflete um amor autêntico ou meramente oportunidade de se casar com um rapaz rico.
Vale a pena ver?
Talvez o roteiro escrito por Cláudia Furiati tenha se despreocupado com tantas lacunas por supor que os fatos reais que o inspiraram – o crime da Rua Cuba em São Paulo e a morte de P.C. Farias – possibilitariam ao espectador que as preenchessem. Se não existiu essa pretensão, então o roteiro estava fadado ao fracasso mesmo na época de seu lançamento.
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Ficha técnica:
Condenado à Liberdade (2001) Brasil. 86 min. Dir: Emiliano Ribeiro. Rot: Cláudia Furiati. Elenco: André Gonçalves, Mylla Christie, Nathália Timberg, Antônio Pompeo, Cássia Kiss, Othon Bastos, Odilon Wagner, Isabel Ampudia, Camila Amado, Anselmo Vasconcelos.