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Contra Todos (filme)
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Contra Todos

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

“Contra Todos” é um retrato autêntico da violência na periferia de São Paulo.

A história se concentra em alguns dias na vida do pistoleiro Teodoro (Giulio Lopes) e sua mulher Cláudia (Leona Cavalli). Além deles, entram no foco Waldomiro (Ailton Graça) – amigo de Teodoro e também pistoleiro – e Soninha (Sílvia Lourenço), a filha adolescente de Teodoro com outra mulher.

Contudo, a violência não está somente na profissão de Teodoro e Waldomiro, mas, também no caráter de todos esses personagens. Teodoro leva uma vida dupla. A outra, como um fiel religioso em vias de se casar com uma “irmã” da igreja. Enquanto isso, Cláudia não satisfaz seus fortes ímpetos sexuais somente com Teodoro, mas também com o jovem vizinho Júlio (Ismael de Araújo). Este é um amigo de Soninha que perambula pela cidade a esmo, usando drogas e se oferecendo a qualquer um do bairro.

A princípio, Waldomiro parece ser a pessoa em que os três podem confiar. Porém, essa impressão vai sumindo ao longo do filme, até a parte final que revela importantes segredos.

Ambiente instável

Então, o ambiente já instável desse grupo fica pior ainda quando Júlio é assassinado com requintes de violência (seu pênis é arrancado fora). Cláudia sofre com a perda do amante e tem certeza de que Teodoro é o culpado pelo crime. Após uma discussão de Teodoro com Soninha, que termina com ele espancando a filha, Cláudia foge de casa. Waldomiro a recolhe com carinho por uma noite.

Depois, ela vai se hospedar em um hotel barato no centro de São Paulo, onde logo se envolve sexualmente com o porteiro. Quando uma gangue de punks ataca esse porteiro, Cláudia novamente pensa que foi uma ação de Teodoro.  Para tornar a situação ainda mais tensa, enquanto Teodoro procura por Cláudia, Soninha seduz Waldomiro.

O diretor Roberto Moreira registra esse imbróglio com a câmera trêmula, muitas vezes empunhada na mão e com ângulos diversos. As filmagens privilegiam as locações no subúrbio e no centro. Acompanhamos as andanças de Soninha pelo bairro cheio de córregos e casas com tijolos sem acabamento. Bem como dentro de ônibus que percorrem ruas de terra, e nos calçadões do centro, dentro e nas imediações da Galeria do Rock. Da mesma forma, as cenas internas também foram captadas em casas pobres do subúrbio. Enfim, junte tudo isso a atores que se despem de qualquer glamour e temos um filme onde a autenticidade é latente.

Autenticidade

Em cima dessa mise-en-scène autêntica, tudo o que se passa na tela se torna mais contundente, uma realidade tão próxima de nós que assusta. Teodoro mata a sangue-frio e o espectador é obrigado a participar de sua violência. O desfecho de seu caso com a noiva religiosa revela a verdadeira personalidade do matador que desejava expurgar seus crimes através da fé. Pois, quando a noiva o confronta, logo ele retoma seu lado psicopata. Se as cenas de violência chocam, não é diferente nas cenas de sexo quase explícito. De fato, elas fogem do ato romântico para mostrar o que é mais instintivo e animal, como quando Soninha e Waldomiro transam.

“Contra Todos” é assim, direto, e contundente como um soco no estômago. Por isso, é surpreendente como o filme reserva para o final uma sequência com recortes fora da ordem cronológica para revelar a verdade sobre alguns dos fatos da estória, e um amor destrutivo que estava por baixo de tudo.


Contra Todos (filme)
Contra Todos (filme) - Silvia Lourenço
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