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Detroit em Rebelião (filme)
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Detroit em Rebelião

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Em Detroit em Rebelião, o cinema tenta fazer justiça. A justiça que o tribunal dos EUA ignorou, ao promulgar a sentença inocentando os policiais envolvidos no incidente de 25 de julho de 1967 no Hotel Algiers, em Detroit.

Na época, o abuso policial contra os negros era frequente em Detroit. Mas, quando a guarda municipal leva para a prisão todos os presentes em uma festa particular para negros, explode uma rebelião que toma grandes proporções. Logo, a comunidade revoltada protesta nas ruas, acontecem confrontos com a polícia e saques às lojas. Então, a polícia estadual de Michigan e o exército são chamados e até tanques de guerra trafegam pela cidade.

A diretora Kathryn Bigelow opta por um longo prólogo de vinte e cinco minutos para apresentar essa situação caótica. Mesclando imagens de arquivo, com cenas filmadas por ela com fotografia semelhante a desses vídeos. Nesse trecho, o filme nem apresenta os personagens principais. Somente depois dessa introdução conhecemos os protagonistas, que não surgem com grande destaque para um ou outro individualmente, mas como grupos.

O relato

Assim, entram os policiais racistas e abusivos da cidade de Detroit, juntamente com os artistas negros que buscam refúgio no Hotel Algiers. Além deles, os malandros negros que se hospedam no local, com duas moças brancas. E também o rapaz negro que trabalha como segurança particular de uma loja de bebidas que acredita que pode controlar os ânimos dos envolvidos e evitar uma tragédia. À parte, surgem os soldados do exército e os policiais estaduais, que resolvem ignorar a situação de abuso da polícia local.

Quando um dos malandros resolve tirar um sarro dos policiais atirando neles com balas de festim do alto da janela do seu quarto no hotel, começa um tiroteio geral em frente ao Algiers. Em seguida, três policiais municipais invadem o local e rendem os negros e as duas moças que lá se encontram. E, tortura-os para que confessem a autoria dos disparos. Como resultado, três deles são mortos.

Após a tragédia, Detroit em Rebelião cobre o julgamento dos policiais e também do segurança particular, acusado injustamente de ser o responsável pelas mortes. Ao optar pela não individualização dos personagens, Kathryn Bigelow acaba provocando nos espectadores o sentimento de revolta pela decisão do júri popular, formada exclusivamente por brancos. Alguns trechos pedem um pouco de tristeza pela morte do irmão caçula da família de cantores. Mas, a escolha pelo grupo de protagonistas afasta o envolvimento emocional necessário para provocar lágrimas no público.

Ensemble cast

Contudo, isso não prejudica Detroit em Rebelião. Afinal, vale mais provocar indignação do que tristeza por esse incidente trágico e seu desenrolar nos tribunais. Além do mais, o filme assim dá oportunidade para um excelente trabalho de atuação do conjunto do elenco. Dessa forma, cada ator contribui para sentirmos esse desamparo diante do abuso da lei.

É fácil sentir ódio dos policiais interpretados por Ben O’Toole, Jack Reynor e, principalmente, Will Poulter, que nunca esboçam qualquer expressão que mereça alguma empatia. Adicionalmente, as duas garotas desesperadas são incrivelmente interpretadas pelas ótimas jovens atrizes Hannah Murray, de Game of Thrones, e Kaitlyn Dever. Esta última solta um surpreendente grito agudíssimo de terror quando o policial a leva para um quarto. De fato, Dever já desponta como uma das mais promissoras atrizes de sua geração, também por outros trabalhos como a comédia Fora de Série e a minissérie dramática Inacreditável. Entre as vítimas negras, destacam-se o ator e cantor Algee Smith no papel de Larry, o líder da banda, e John Boyega, da franquia Star Wars, que se supera na cena em que treme de nervoso no interrogatório dentro da delegacia.

Com Detroit em Rebelião, a diretora Kathryn Bigelow e seu parceiro roteirista Mark Boal se afirmam como autores com forte viés político, pavimentando o caminho anteriormente percorrido em Guerra ao Terror (The Hurt Locker, 2008) e A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, 2012).


Detroit em Rebelião (filme)
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