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Gata em Teto de Zinco Quente (filme)
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Gata em Teto de Zinco Quente

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

“Gata em Teto de Zinco Quente” é uma adaptação para o cinema da peça de teatro homônima escrita por Tennessee Williams. O diretor Richard Brooks realizou obras provocadoras como “Sementes de Violência” (Blackboard Jungle, 1955) e “À Procura de Mr. Goodbar” (Looking for Mr. Goodbar, 1977). Assim, nas suas mãos, o filme mantém o clima perturbador da obra original. Além disso, seus diálogos inteligentes se aliam às atuações viscerais do elenco para construir o retrato de uma crise familiar em ponto de ebulição.

Brick (Paul Newman) se recusa a ir para a cama com sua esposa Maggie (Elizabeth Taylor), desde que seu melhor amigo se suicidou após ele ignorar seus telefonemas onde lhe pediria ajuda. Adicionalmente, a desilusão também fez Brick desistir do futebol americano, modalidade em que ele era um craque, e se tornar um alcoólatra. Seu pai, chamado de Big Daddy (Burl Ives), é um ricaço que está com doença terminal, o que incita ainda mais a cunhada interesseira de Brick. Quando essa família conflituosa se reúne sob o mesmo teto para comemorar o aniversário de Big Daddy, todos os problemas virão à tona.

Imobilidade

O filme começa com uma cena em que Brick, sozinho num campo de futebol americano, se machuca ao tentar, bêbado, praticar uma corrida de obstáculos. Esse incidente serve para explicar a perna engessada dele durante a noite em que transcorre a estória, deficiência que simboliza a imobilidade emocional em que ele se encontra, impotente perante a esposa e incapaz de conter o vício da bebida.

Por outro lado, Elizabeth Taylor exibe toda sua sensualidade num vestido branco justo, com movimentos sensuais. Por exemplo, quando ajeita suas meias-calças. Dessa forma, se explicita que Brick sofre um bloqueio realmente grave a ponto de ignorar as investidas dessa sua belíssima mulher.

Já a presença imponente do pai, fisicamente grande e munido do poder da riqueza, é transposta para a tela com perfeição na figura do ator Burl Ives. O confronto entre Big Daddy e Brick se torna o clímax do filme, como se fosse uma sessão de terapia. Nela, o paciente Brick exterioriza todas as causas de seu trauma até chegar a sua cura.

Homossexualidade

Devido aos códigos morais impostos pela indústria de Hollywood, o filme omite a relação homossexual que existia na peça original entre Brick e seu amigo. Aliás, essa relação provocaria o suicídio deste e justificaria a impotência de Brick perante Maggie. No filme, esse mote é substituído pela desconfiança de Brick de que Maggie o teria traído com seu amigo. Assim, apesar de soar menos profundo do que aquele motivo original, já é suficiente para a atitude de um homem fragilizado emocionalmente como Brick, que nunca sentira o amor do pai.

Sob outro aspecto, o filme de Richard Brooks não esconde sua origem teatral. Como resultado, emprega poucos cenários e numerosos diálogos. Então, para prender o espectador, a tensão surge em nível crescente. Na verdade, essa teatralidade não parece uma fraqueza, mas um instrumento para a criação desse clima nervoso, pelo enclausuramento que o cenário restrito provoca e pelas falas brilhantes. Apesar de conter diálogos em grande quantidade, eles são tão vívidos que fazem o público pedir por mais.

Adicionalmente, a rica produção da MGM permitiu inserir elementos que não caberiam num teatro. Por exemplo, mostrar a chegada imponente de Big Daddy em seu avião particular, os constantes movimentos de câmera durante os diálogos, e uma chuva torrencial que acompanha os momentos mais tensos da trama. Além disso, reúne um elenco de astros de primeira linha, tanto em talento como em produtividade.

Em suma, essa versão de “Gata em Teto de Zinco Quente” – há mais duas produções para a TV, de 1976 e 1984 – é, sem dúvida, uma das melhores adaptações para as telas de uma obra de Tennessee Williams.


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