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Os Modernos (filme)
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Os Modernos

Avaliação:
9/10

9/10

Crítica | Ficha técnica

Filmado em preto e branco na cidade de Montevidéu, Os Modernos pode ser chamado de Manhattan uruguaio reforçado com uma ideia muito original em sua trama.

Os dois protagonistas do filme são Clara (Noelia Campo) e Fausto (vivido pelo próprio co-diretor e co-roteirista Mauro Sarser). O relacionamento dos dois chega ao seu fim porque ele não consegue lidar com a situação dela de divorciada com dois filhos pequenos. A briga definitiva começa com Clara perguntando se Fausto deseja ter um filho com ela.

Mas, mesmo com o rompimento do namoro, os dois continuam a se ver, pois estão trabalhando juntos num projeto documental. Clara é produtora de uma televisão estatal e Fausto um editor de vídeos. Novos relacionamentos surgem para os dois. Pela primeira vez na vida, Clara se envolve com uma mulher, Ana (Stefania Tortorella). Enquanto isso, Fausto começa a sair com a atriz Fernanda (Marie Hélène Wyaux).

Porém, Clara e Fausto têm uma recaída, e ela faz um sexo rápido com ele e logo depois com Ana. Inusitadamente, esse processo resulta na gravidez de Ana pelo esperma de Fausto.

Essa inesperada virada na trama representa o ingrediente de originalidade de um filme que se inspira nos dramas românticos do cineasta Woody Allen, principalmente em Manhattan. A fotografia em preto e branco retrata a paisagem urbana da capital do Uruguai, com trilha sonora recheada de músicas tradicionais (no lugar do jazz de Allen) e clássicas.

Mauro Allen

Mauro Sarser, que escreveu e dirigiu Os Modernos em parceria com Marcela Matta, faz as vezes de Woody Allen na tela, interpretando o protagonista Fausto. Mas sem as piadas consigo mesmo, preferindo o lado erudito e com preocupações existenciais do cineasta novaiorquino. Em vários momentos, Fausto para por um instante para refletir, como agem vários personagens do universo de Woody Allen.

Adicionalmente, Os Modernos possui alguns trechos de fantasia, quando vemos, por exemplo, Fausto imaginando cortar a cabeça do ex-marido de Clara, ou esta recebendo conselhos de Fausto em relação aos seus novos pretendentes. Aliás, a referência a esse recurso em Woody Allen está presente em cenas como aquelas com Marshall McLuhan em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa e com o Humphrey Bogart em Sonhos de um Sedutor (que tem roteiro de Allen e direção de Herbert Ross).

Não há dúvidas também que a arte dos créditos iniciais remete à tradição de Woody Allen. E o ambiente culturalmente elitizado da estória igualmente, envolvendo artistas que trabalham no audiovisual.

Os Modernos trabalha o existencialismo dos personagens principais, que se frustram com o rumo que suas vidas tomam a partir de uma decisão importante que envolve o aborto de Ana. Clara se vê diante de uma nova diretora na emissora, que substitui o programa cultural que ela produz por um com apelo popular. E Fausto aceita um trabalho comercial, e não artístico, como editor de vídeos publicitários.

Em sua conclusão, Os Modernos resolve os conflitos com otimismo, apresentando uma solução inteligente e coerente, sem parecer forçado para apresentar um final feliz. Até porque nem todos terminarão bem essa cativante estória filmada com classe.


Ficha técnica:

Os Modernos (Los Modernos, 2016) Uruguai. 135 min. Dir/Rot: Mauro Sarser, Marcela Matta. Elenco: Noelia Campo, Mauro Sarser, Federico Guerra, Stefania Tortorella, Marie Hélène Wyaux.

Os Modernos (filme)
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