“Mulheres em Perigo” é um raro faroeste da fase áurea do gênero que escapa do padrão machista. Sua trama coloca um grupo de mulheres em posição ativa na trama, assumindo a defesa de seu vilarejo diante de um grupo de presidiários em fuga.
Durante o rigoroso inverno do norte da Califórnia, os homens partem em busca de ouro e deixam suas mulheres à espera, sozinhas e isoladas do mundo com as fortes nevascas. Mesmo assim, não se deixam abalar com a chegada dos fugitivos, mas aceitam dar-lhes abrigo e comida até que o tempo melhore.
Mas os condenados não chegaram ao vilarejo por acaso. Entre os membros do bando, um deles, Jim Canfield (Glenn Ford) esconde um segredo. Ele pretende se vingar do noivo de Marcia Stoddard (Gene Tierney), responsável pela sua injusta prisão. Porém, Jim precisa ficar esperto com três companheiros que acreditam que ele possui dinheiro escondido naquelas terras. Ainda por cima, tenta evita que se apaixone por Marcia.
O conjunto de personagens masculinos se mantém dentro do habitual bons contra ruins. Já entre as mulheres, as possibilidades são mais amplas. Além de Marcia, dividida entre o que parece ser o bandido com coração bom (Jim) e o mocinho com más intenções – Rudy Schaeffer (Harry Carter), há a velha matriarca ainda forte que lidera a comunidade. Além disso, destaca-se também a futura cunhada de Marcia, Rachel Schaeffer (Ann Dvorak), reprimida sexualmente e com mau humor constante, por isso fácil vítima para o pior dos bandidos.
Tierney e Ford
Glenn Ford e Gene Tierney não combinam muito nas telas, e o primeiro beijo deles parece um pouco precipitado por isso. Ford possui a presença de bom moço e durão, mas não de galã e, muito menos de símbolo sexual. É o oposto de Tierney, de beleza distinta e deslumbrante, qualidade que lhe garantia bons papéis no cinema, como no clássico “Laura” (1944).
Apesar desta falta de química entre o casal, “Mulheres em Perigo” merece ser visto. Primeiro, pela temática tendendo para o feminismo, como a emocionante cena em que o grupo ataca o responsável por uma tentativa de estupro. Além disso, pelo clima de ansiedade constante, inteligentemente mantido por eventos sucessivos de ação.
Por fim, vale a curiosidade de que, segundo o narrador do filme, essa história deu origem ao lago “Convict Lake”, na Califórnia.
