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Mussum, o Filmis (filme)
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Mussum, o Filmis

Avaliação:
6.5/10

6.5/10

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Crítica | Ficha técnica

Após o documentário Mussum, um filme do Cacildis (2019), de Susanna Lira, Antônio Carlos Bernardes Gomes ganha a cinebiografia Mussum, o Filmis, longa de estreia do ator Silvio Guindane. O filme conta com uma vantagem essencial para esse gênero por conta da magistral interpretação de Ailton Graça como o autobiografado, provando sua incrível versatilidade. Contudo, nem todas as figuras famosas ganham um retrato tão autêntico nessa produção, e esse é um dos pontos que tornam o filme irregular.

A primeira metade do longa é muito boa. No início, não entusiasma muito, pois cobre a infância de Mussum forçando elevar a mensagem do esforço do menino pobre, apoiado pela mãe, que consegue furar a bolha por causa de uma boa educação. Claro que essa verdade, inquestionável, merece ser martelada para incentivar quem está em situação desfavorável e conscientizar quem está no poder. Mas o filme apresenta isso de maneira artificial, tanto aqui como na conclusão.

Enfim, a história ganha força quando Mussum vira rapaz, e começa a entrar no mundo da boemia do samba. Com talento nato, seu entusiasmo do protagonista contagia o filme. E, como faz tudo às escondidas da mãe, esse processo ganha ares de comédia. Assim, logo permite uma conexão com o mundo do humor televisivo, com uma oportunidade de atuar ao lado de Grande Otelo. Este lhe dá o apelido com o qual Antonio Carlos ficou famoso, num episódio hilariante. O enredo dá importância também para Chico Anysio, que lhe abriu definitivamente as portas chamando-o para sua Escolinha do Professor Raimundo.

A graça dos Trapalhões

Curiosamente, o filme perde a graça quando Mussum entra para Os Trapalhões, justamente o programa que expôs nacionalmente o talento do biografado. E pelo qual grande parte dos espectadores o conhecem. Mas, por algum motivo, Mussum, o Filmis não consegue retratar o humor do grupo. Talvez porque nossa memória afetiva nos traia sobre piadas que ficaram datadas, ou por causa de direitos que não foram liberados. Pode ser, também, que pese uma certa má vontade com Renato Aragão, o líder do grupo que pouco aparece aqui. Gero Camilo faz uma versão estragada de Aragão, que soa antipático, mandão e sem nenhum charme.

Porém, essa segunda parte do filme pode soar fraca porque reflete uma má decisão de Mussum. Apesar da fama e do dinheiro, ele não podia ser muito criativo no grupo Os Trapalhões, e uma cena mostra sua insatisfação com um esquete. Como o próprio personagem confirma, ele teria sido mais feliz como sambista. Isso, porém, não justifica a dose dupla de discursos inspiracionais na parte final, que termina como se fosse um vídeo de autoajuda.

A direção

Silvio Guindane estreia com o entusiasmo de um novo diretor. Abre o filme com uma reprodução de uma cena de um programa de Os Trapalhões. A tela está em formato de televisão antiga, inclusive com o capricho das bordas arredondadas. Daí ele já abre o enquadramento (e o formato de tela) para revelar os bastidores da filmagem. Com isso, Guindade prova que elaborou essa abertura com esmero, sem indícios de qualquer empenho meramente burocrático.

Da mesma forma, busca enquadramentos inusitados. Chama a atenção, nesse sentido, três trechos em que coloca a câmera embaixo de um objeto que sofre uma ação vinda de cima. As teclas de uma máquina de escrever vistas de baixo; a visão do falecido em relação às flores que arremessam sobre ele; o copo de uísque que recebe o líquido da garrafa.

Destaca-se, também, a câmera fixa posicionada à altura do joelho na cena do hotel no México. É um momento de drama familiar, seria, então, uma homenagem a Ozu?

Tal estilismo é válido, pois quebra a monotonia de uma produção grande como essa. Mas não consegue evitar a irregularidade de Mussum, o Filmis, que tem uma metade inicial entusiasmante e uma final morna.

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Ficha técnica:

Mussum, o Filmis | 2023 | 116 min | Brasil | Direção: Silvio Guindane | Roteiro: Paulo Cursino | Elenco: Ailton Graça, Thawan Lucas Bandeira, Yuri Marçal, Cacau Protásio, Neusa Borges, Cinara Leal, Gero Camilo.

Trailer aqui.

Onde assistir:
Mussum, o Filmis (filme)
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