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Poster de "Na Calada da Noite"
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Na Calada da Noite

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Quando dirigiu Na Calada da Noite (Still of the Night), Robert Benton estava com bastante prestígio. Seu filme anterior, Kramer vs. Kramer (1979), fora um sucesso de bilheteria e o grande vencedor do Oscar do ano – venceu em cinco categorias: melhor filme, melhor ator (Dustin Hoffman), melhor atriz coadjuvante (Meryl Streep), além dos prêmios para o próprio Benton pelo roteiro e direção. Novamente com Meryl Streep, ele embarcou num projeto improvável após o sucesso que obteve no melodrama: um suspense hitchcockiano.

Não é um dos seus grandes trabalhos, mas Na Calada da Noite possui seu charme. A começar pela interpretação de Streep, emulando à perfeição a loira gélida típica de Alfred Hitchcock. Além do cabelo clareado e liso, a fala sussurrada da sua personagem, Brooke Reynolds, carrega aquela sensualidade contida que o mestre do suspense extraía de suas atrizes. Os paradigmas mais próximos são a Grace Kelly em Ladrão de Casaca (To Catch a Thief, 1955) e a Eva Marie Saint em Intriga Internacional (North by Northwest, 1959). Ou seja, uma mulher misteriosa, que balança entre vítima e suspeita.

O outro charme do filme é o par de Streep no protagonismo. O ótimo Roy Scheider faz o psiquiatra Sam Rice que, após um de seus pacientes, George (Josef Sommer) ser assassinado, vira suspeito e vítima também, aos olhos da polícia. O espectador, por sua vez, fica inclinado a acreditar que ele está perigosamente atraído pela femme fatale Brooke Reynolds, que era amante do paciente morto.

Benton e Hitchcock

Robert Benton faz um belo uso dos flashbacks para indicar pistas do que aconteceu. Assim, Sam se lembra das sessões com o paciente George, nas quais ele relata o caso extraconjugal. Benton ousa até colocar flashback dentro do flashback, recurso que se tornou notório em alguns exemplares de film noir. Um dos melhores momentos do filme, inclusive porque contém uma conexão reveladora na parte final, é o trecho do sonho de George, com elementos do terror.

Esse detalhe, aliás, provoca questionamentos quanto à intenção de realizar um filme hitchcockiano. É fato que Hitchcock explorou esses elementos do terror em Psicose (Psycho, 1960), por exemplo, mas ele sempre fez questão de nunca enganar o espectador. Seus jump scares, portanto, eram genuínos. Já o mesmo não se pode dizer de Robert Benton, seja nessa sequência onírica como em outras, recorrendo a gritos de gatos, jato de vapor, e outros truques para criar sustos falsos.

O trecho mais hitchcockiano em Na Calada da Noite cria um suspense enervante em um leilão de arte. Sam quer avisar Brooke que a polícia está no local atrás dela, e ele precisa descobrir como chamar a atenção dela antes que o detetive a encontre. A sequência remete à situação similar presente em Intriga Internacional, com Cary Grant forçando sua prisão para poder fugir dos bandidos. Por fim, a última cena do filme também adentra um tema constante na obra de Hitchcock, que é o passado que atormenta uma personagem chave.

Robert Benton, assim, realiza um filme que não é puramente Hitchcock, mas que possui sua influência presente em grande parte, especialmente na personagem feminina. Em seu trabalho seguinte, Um Lugar no Coração (Places in the Heart, 1984), ele voltaria a ter sucesso, inclusive ganhando mais um Oscar pelo roteiro. O drama, definitivamente, é sua especialidade.

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Ficha técnica:

Na Calada da Noite | Still of the Night | 1982 | 93 min | EUA | Direção: Robert Benton | Roteiro: Robert Benton | Elenco: Roy Scheider, Meryl Streep, Jessica Tandy, Joe Grifasi, Sara Botsford, Josef Sommer, Frederikke Borge.

Assista ao trailer.

Onde assistir:
Mulher loira ao telefone.
Cena do filme "Na Calada da Noite"
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