Poster do filme "Não Fale o Mal" (2022)
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Não Fale o Mal (2022)

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Terceiro longa do diretor dinamarquês Christian Tafdrup, Não Fale o Mal (2022) surpreende com o desfecho brutal que resulta da incapacidade de dizer não. Gerou uma refilmagem estadunidense com um final mais hollywoodiano, dirigida por James Watkins e lançada em 2024. As duas versões são poderosas.

Um convite surpresa

Na trama deste filme, Bjorn (Morten Burian) e Louise (Sidsel Siem Koch) recebem um inusitado convite do casal que conheceram brevemente durante as férias na Toscana. Patrick (Fedja van Huêt) e Karin (Karina Smulders) chamam os dois para passarem o fim de semana com eles na Holanda, onde moram. Como argumento, sugerem que será salutar para o filho deles, Abel (Marius Damslev), que tem problemas de fala, passar esse tempo com a filha de Bjorn e Louise, Agnes (Liva Forsberg), já que as duas crianças possuem idade próxima dos 11 anos. Mas, o motivo velado que leva à aceitação do convite é a insatisfação de Bjorn com sua vida. Isso é mostrado no filme num plano no qual ele mira o horizonte pela janela do apartamento, meditando com expressão triste. Antes disso, ele já foi visto chorando durante uma apresentação musical nas férias na Itália.

Durante o trajeto para a Holanda, o filme já antecipa que algo terrível está para acontecer, ao colocar uma trilha musical de suspense ao fundo. Lembra a abertura de O Iluminado (1980), de Stanley Kubrick, quando a família do personagem de Jack Nicholson se dirige para o hotel onde passarão uma temporada de terror.

O casal anfitrião demonstra muita simpatia com os visitantes. Porém, atitudes estranhas incomodam, principalmente a Louise. Entre elas, oferecer a ela um pedaço de carne sabendo que ela é vegetariana, o jeito agressivo que Patrick repreende Abel, a conta do jantar que Bjorn precisa pagar (apesar de ser o convidado), o fato de Patrick entrar no banheiro enquanto Louise toma banho e de ele espiar o casal fazendo sexo. A gota d’água, no entanto, é descobrir Agnes dormindo na cama dos anfitriões.

Só para não contrariar

Pulando para o desfecho do filme, quando o acuado Bjorn pergunta a Patrick por que ele está fazendo isso com eles, ele responde: “Porque vocês permitiram”. Tal afirmação faz todo o sentido nos momentos em que o casal finlandês teve chance de ir embora, mas resolveu ficar por educação, só para não desagradar os anfitriões. Por exemplo, quando Bjorn e Louise retornam, depois de efetivamente pegarem a estrada. Eles enumeram algumas situações que não gostaram, mas no fim são incapazes de dizer não ao insistirem a ficar mais um dia. Na verdade, os dois dinamarqueses evitam contrariar em outros momentos também, como a carne oferecida para a vegetariana Louise, ou a conta do restaurante que Bjorn aceita pagar. Ações como essas poderiam até ser testes para saber se eles são as vítimas ideais.

Toda a parte final deixa o espectador arrepiado. A começar pela genial maneira de revelar através das fotografias das vítimas anteriores o crime absurdo que Patrick e Karin cometem reiteradamente. Depois, com a violência gráfica chocante contra a menina Agnes. E, por fim, pelo inusitado modo como o casal holandês aniquila as suas vítimas. Não Fale o Mal, de fato, surpreende com os assassinatos em série dos mais doentios do cinema.  

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Ficha técnica:

Não Fale o Mal | Speak No Evil | 2022 | 97 min. | Dinamarca, Países Baixos | Direção: Christian Tafdrup | Roteiro: Christian Tafdrup, Mads Tafdrup | Elenco: Morten Burian, Sidsel Siem Koch, Fedja van Huêt, Karina Smulders, Liva Forsberg, Marius Damslev, Hichem Yacoubi.

Onde assistir:
Cena do filme "Não Fale o Mal" (2022)
Cena do filme "Não Fale o Mal" (2022)
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