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Nas Mãos de Quem Me Leva (filme)
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Nas Mãos de Quem Me Leva

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

João Côrtes surpreende ao dirigir e escrever o melodrama feminino Nas Mãos de Quem Me Leva.

Mais conhecido como ator em papéis cômicos, João Côrtes estreia na direção e roteiro de um filme que não tem nada de engraçado. Pelo contrário, é um melodrama clássico, daqueles que Douglas Sirk dirigiu nos anos 1950 visando o público feminino.

A história

A jovem Amora, de 22 anos, ficou órfã quando era criança, e agora vive com a avó. Ela faz terapia para superar a perda dos pais, pois tem medo de amar e sofrer novamente. A companhia da avó extremamente conservadora e religiosa torna sua vida ainda mais sufocante. A única válvula de escape é o seu melhor amigo Afrânio, colega da livraria onde trabalha.

Eventualmente, Amora conhece Bruno, um empresário de 45 anos. Após a hesitação inicial, ela se apaixona profundamente, e deposita nesse charmoso homem esperanças de um futuro com novas possibilidades.  

Melodrama

Nas Mãos de Quem Me Leva possui as características típicas de um melodrama. Apresenta uma protagonista sofrida, que encontra uma esperança de encontrar a felicidade. Porém, a todo momento temos a impressão de que a tristeza está à espreita.

Além disso, a história apresenta coincidências improváveis, mas que são aceitáveis para esse gênero. Afinal, são elementos que potencializam o drama. Spoilers adiante: por exemplo, o fato de Amora encontrar por acaso sua terapeuta numa festa e, assim, descobrir que Bruno é casado com ela.

Por fim, a protagonista chega ao fundo do poço, mas consegue se reerguer. No caso, Amora amadurece com a desilusão, e toma uma medida radical e corajosa para sair de seu mundinho sufocante. E, o filme fecha num tom otimista, revelando que a personagem tomou a decisão correta, que fez a diferença em sua vida. Como indica o título, Amora toma as rédeas do seu destino, ou seja, são delas mesmo as mãos que a conduzem.

Direção

O filme se beneficia com uma abertura e um final marcantes. O prólogo, em especial, é muito bem dirigido, em uma tomada única dentro do carro, que aproxima o espectador dos personagens. Com isso, consegue refletir a sensação da enorme perda que Amora sofreu.

Já o final traz uma bela transição poética. Apesar de não ser original, funciona como um fechamento que apresenta um respiro nessa história essencialmente triste.

Há muitos diálogos no filme. Aqueles entre Amora e seu melhor amigo Afrânio são ágeis e se destacam pela naturalidade, tanto nos trechos alegres como nos dramáticos. Porém, as conversas dela com Bruno soam forçadas. Na verdade, isso resulta da falta de química entre os dois atores, em especial, porque o empresário não parece tão charmoso como supostamente deveria ser.

Chama a atenção, também, a estranha opção de colocar a narração da voz da avó na leitura da carta que Amora escreveu para ela. Ou seja, ouvimos a voz da personagem que lê o texto, e não daquela que a escreveu, o que foge ao senso comum.

Quanto ao manuseio da câmera, João Côrtes assume um estilo fluído, resultante do uso da câmera na mão. A preferência é por acompanhar os personagens, mesmo quando eles entram em locais escuros. Por exemplo, quando Afrânio sai da porta da biblioteca e caminha por um corredor pouco iluminado da livraria. Com isso, se afasta do cinema clássico, mas se aproxima do naturalismo.

A narrativa é consistente, e se concentra na protagonista Amora. Em apenas dois momentos, a perspectiva muda para outro personagem. Primeiro, quando descobrimos quem é o verdadeiro Bruno, numa sequência que desperta muita ansiedade. Depois, numa cena dispensável de Afrânio com seu novo namorado.

Estreia promissora

Em suma, Nas Mãos de Quem Me Leva é uma promissora estreia de João Côrtes como diretor e roteirista. A trama não é totalmente original, mas isso não é impeditivo para que seja um tocante melodrama.


Onde assistir:
Nas Mãos de Quem Me Leva (filme)
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