Nas Profundezas do Mar Sem Fim (filme)
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Nas Profundezas do Mar Sem Fim

Avaliação:
5.5/10

5.5/10

Crítica | Ficha técnica

Diante de um título intenso como Nas Profundezas do Mar Sem Fim (The Deep End of the Ocean), já nos preparamos para mergulhar numa experiência de extrema tristeza. Ainda mais porque a sinopse informa que a história é sobre uma família que perde seu filho de 3 anos. Por isso, causa surpresa que o filme comece em tom alegre, com o tema musical e a manhã ensolarada embalando um agitado início de dia. O pai Pat (Treat Williams) está partindo numa viagem de negócios e a mãe Beth (Michelle Pfeiffer) se prepara para ir a um hotel em Chicago onde acontecerá um reencontro da turma da escola. E ela levará os três filhos com ela: Vincent (7 anos), Ben (3) e a bebê de colo Kerry.

De início, pensamos que o diretor belga Ulu Grosbard optou por esse tom alegre para depois nos surpreender com uma mudança contrastante. Porém, não é o que acontece. No hotel, a balbúrdia continua e, no meio dela, Ben desaparece. Mas o mesmo tema musical retorna, apenas com um timbre mais grave, insuficiente para descrever o que a mãe sente nesse momento trágico. Para piorar, a edição impõe um ritmo acelerado demais para provocar a melancolia e o desespero de Beth, prejudicando os esforços de Michelle Pfeiffer. Aliás, a mise-en-scène fica ainda mais inapropriada com a presença de Candy, uma detetive policial espirituosa interpretada por Whoopi Goldberg, com falas ridículas que procuram minimizar a dor da mãe.

Após as infrutíferas buscas, o filme acompanha a tentativa de retomar a vida de volta à casa. Embora Beth caia na depressão, as cenas continuam ensolaradas e agitadas, relegando o espectador à mera posição de um observador distanciado, quando deveria surgir uma empatia pela personagem que sofre.

O reencontro

Nove anos se passam e, por uma coincidência das mais improváveis, o menino Ben bate à porta da nova casa da sua família original, nos arredores de Chicago. A mãe logo o reconhece, e constata, com a ajuda de Candy, ainda presente na vida de Beth, que esse garoto realmente é o filho perdido. A explicação do mistério do desaparecimento talvez seja o que a trama apresente de mais inteligente. De fato, faz sentido a forma e as motivações de seu sequestro. Mas o roteirista Stephen Schiff quis incluir no script todo material que lhe deu origem (o livro de Jacquelyn Mitchard). E sabemos que nem sempre isso é viável.

Assim, Nas Profundezas do Mar Sem Fim não se encerra nesse incrível reencontro. Daí para frente, a narrativa se arrasta para se concentrar agora nas dificuldades de adaptação de Ben (que ganhara novo nome, Sam, em sua nova família). Afinal, como deixar o pai que o criou durante os últimos nove anos, e viver agora com esses familiares de sangue de quem ele nem se lembra? Dessa forma, a linha dramática precisa se dividir entre Beth, Ben e Vincent, o irmão agora adolescente com vários problemas. E, assim, perde ainda mais força. Fica ainda mais parecido com uma produção feita para a TV aberta, com estrutura se forçando para movimentar seus multi-protagonistas.

Ulu Grosbard  

Este é o sétimo e último filme que Ulu Grosbard dirigiu. Não foi um cineasta excepcional, mas realizou alguns filmes que se destacaram. Por exemplo, Liberdade Condicional (Straight Time, 1978), com Dustin Hoffman, Confissões Verdadeiras (True Confessions, 1981), com Robert De Niro e Robert Duvall, e Amor à Primeira Vista (Falling in Love, 1984), com De Niro e Meryl Streep. Mas, Nas Profundezas do Mar Sem Fim é um dos seus trabalhos mais fracos. Contrariando o seu título, o filme lida com os dramas de maneira bem rasa.

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Ficha técnica:

Nas Profundezas do Mar Sem Fim | The Deep End of the Ocean | 1999 | 106 min | EUA | Direção: Ulu Grosbard | Roteiro: Stephen Schiff | Elenco: Michelle Pfeiffer, Treat Williams, Whoopi Goldberg, Jonathan Jackson, Cory Buck, Ryan Merriman, Alexa Penavega, Michael McGrady, Brenda Strong, Tony Musante, Lucinda Jenney.

Onde assistir:
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