Natalie Wood: Aquilo que Persiste, documentário da HBO, agrada aos fãs da atriz com uma abundante quantidade de material pessoal, bem como os cinéfilos com um panorama cronológico de sua carreira. Porém, gasta bastante tempo na infrutífera discussão sobre o mistério da sua morte, adotando exclusivamente o ponto de vista de Robert Wagner e da filha Natasha Gregson Wagner.
Mulher, atriz, polêmica
A primeira parte se concentra na vida pessoal de Natalie Wood. Com muitas fotos e muitos trechos de vídeos caseiros, o filme expõe a sua intimidade, no intuito de reconstruir quem ela foi como mulher. Cronologicamente, passa pelas várias fases de sua existência, incluindo namorados, casos e maridos. Em suma, é como uma coleção de revistas de fofocas reunida em formato fílmico.
A segunda parte é a mais interessante para os cinéfilos. Retoma a linha do tempo, com trechos de seus primeiros filmes, ainda como atriz infantil. Polemiza sobre o seu envolvimento, aos 16 anos, com o diretor Nicholas Ray, durante as filmagens de Juventude Transviada (1955). Por outro lado, tenta afastar a possibilidade de um caso com Christopher Walken, com quem contracenou em Projeto Brainstorm (1983), seu último filme.
Walken estava no iate de Natalie Wood e Robert Wagner na noite em que a atriz morreu após entrar no bote da embarcação do casal. Assim, o filme aproveita o gancho para se concentrar na polêmica suspeita de crime em sua morte, apontando o marido como suspeito. O filme abertamente assume posição contrária a essa hipótese, colocando Wagner e sua filha Natasha no centro desse bloco.
Em suma, Natalie Wood: Aquilo que Persiste vale pelo vasto material inédito, pelas entrevistas exclusivas com pessoas, famosas ou não, que marcaram a vida de Natalie Wood. Entre elas, o sincero agradecimento de Robert Redford à atriz que apoiou seu início de carreira. Mas, se alonga demais nas suspeitas de crime, tema de folhetim que, com o distanciamento do ocorrido, cada vez mais parece menos interessante.
