Quando alguém pensa sobre o nascimento do punk em Nova York logo se lembra do CBGB, que até já inspirou um filme ficcional chamado CBGB: O Berço do Punk Rock (CBGB, 2013), de Randall Miller. Daí a relevância deste documentário. Nightclubbing: The Birth of Punk Rock in NYC traz à tona um outro clube noturno tão ou mais importante da mesma região. Mas que muitos desconhecem ou que estava caindo no esquecimento. Estamos falando do Max’s Kansas City, fundado em 1965 por Mickey Ruskin na Park Avenue South, 213. Se o CBGB era o palco do underground, o Max’s Kansas City era o do underground do underground.
De Andy Warhol a Billy Idol
O documentário conta que o Max’s Kansas City começou a ganhar notoriedade por conta da constante presença de Andy Warhol. Com endereço próximo, ele sempre chegava acompanhado de modelos, atores e outros artistas de várias áreas. Com isso, chamava a atenção da mídia e, consequentemente, do público descolado da época. Mas foi só a partir de 1969 que o local passou a ter apresentações musicais ao vivo. O filme menciona o Velvet Underground e o The New York Dolls entre aqueles que subiram ao palco do clube. Porém, ao longo da sua projeção, fica evidente que a vocação do Max’s Kansas City era abrir espaço para artistas menores. Alguns conseguiram projeção futura, mas para a maioria deles aquele espaço foi o auge de suas carreiras.
Alguns desses artistas compõe o grosso dos depoimentos de Nightclubbing: The Birth of Punk Rock in NYC. Como um deles revela, a cena era movida por sexo e drogas, e esse último componente deixou marcas nesses depoentes. Talvez por disponibilidade, ou mesmo por opção, o diretor e roteirista do filme, Danny García, traz para a frente das câmeras entrevistados pouco conhecidos que ressaltam esse lado alucinado da vida noturna em torno do clube. Assim, o ponto alto do longa, que são registros históricos das apresentações no local, ilustram performances loucas, em detrimento da música em si. Comentando sobre as criticadas atuações de Sid Vicious no Max’s Kansas City, após o fim do Sex Pistols, que o filme exibe um trecho, uma das entrevistadas afirma que não importava, pois tocar certo não era essencial para o rock.
Na expectativa
Alguns nomes mais famosos, ligados ao Max’s Kansas City por também terem se apresentado uma vez ou outra por lá, estão no filme. Entre os mais conhecidos, estão Alice Cooper e Billy Idol. Do primeiro não há registros ao vivo no clube. Mas de Idol o longa exibe um dos últimos shows do estabelecimento, que fechou as portas em 1981.
Embora tenha o mérito de apresentar o Max’s Kansas City para aqueles que nunca tinham ouvido falar dele, ou de relembrar aqueles que já o conheciam, Nightclubbing: The Birth of Punk Rock in NYC decepciona ao não trazer registros de apresentações e depoimentos de artistas mais conhecidos que o filme menciona, mas que ficam só na expectativa.
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Ficha técnica:
Nightclubbing: The Birth of Punk Rock in NYC | 2022 | Espanha | 80 min | Direção e roteiro: Danny García | Com Penny Arcade, Steven Blush, Phil Caivano, Leee Black Childers, Alice Cooper, Jayne County, Peter Crowley, Donna Destri, Louie X Erlanger, Jay Jay French, Billy Idol, Bob Gruen.
O filme está na programação do festival In-Edit Brasil 2023.