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Nove Dias (filme)
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Nove Dias

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

O filme norte-americano Nove Dias (Nine Days, 2020), escrito e dirigido pelo brasileiro Edson Oda, possui um argumento tão original que se torna até complicado definir os termos que podemos usar para contar sua trama. Alguns podem assisti-lo com um viés religioso, outros como uma fantasia existencialista.

Na história, o protagonista Will (Winston Duke) é responsável por selecionar o candidato apto para viver uma vida. O termo “alma” nunca é usado no filme (exceto dentro de um poema recitado na conclusão), porém, esses candidatos se assemelham a uma. Da mesma forma, “encarnação” também não está no roteiro, no entanto, é o que eles desejam. Porém, as vagas para ganhar vida são limitadas, portanto, Will escolherá qual deles tem as melhores condições de ser uma pessoa, segundo seus critérios.

A direção de arte dá um toque atemporal a essa história, porque Will acompanha a vida de seus escolhidos através de monitores em televisores antigos. E, quando quer analisar algum ponto do passado deles, o arquivo está em fitas VHS. Essas visões mantêm sempre o ponto de vista do selecionado. A primeira parte de Nove Dias descreve essa rotina peculiar. Contudo, quando Amanda (Lisa Starrett), uma de suas escolhidas preferidas, morre num acidente automobilístico, ele abre o novo processo seletivo que representa a história em si do filme.

Processo seletivo

O método de seleção reserva soluções engenhosas. Will coloca situações hipotéticas para avaliar como o candidato se comportará se chegar à vida. O processo dura nove dias, mas nem todos chegam até o fim desse prazo. Quando um deles é eliminado, ele tem a oportunidade de sentir um gostinho da vida, escolhendo algum momento que viu nas televisões. Assim, isso abre a oportunidade para o diretor Edson Oda inserir um pouco do Brasil no filme, quando uma das eliminadas passeia de bicicleta por ruas e estradas daqui, ao som da bela canção em estilo MPB “Eu na Rua”, do compositor da trilha musical, Antonio Pinto.

Então, durante a seleção, uma candidata, Emma (Zazie Beetz), se destaca pelo seu espírito indomável. Ela percebe que o próprio Will possui um desvio de julgamento, abalado por uma má experiência quando esteve vivo, e que parece semelhante ao fim trágico de Amanda. Na conclusão, ao recitar o poema “Song of Myself”, de Walt Whitman, Will reconhece sua amargura em relação à vida, atitude inapropriada para sua função. Com isso, o filme encerra com uma sensação esperançosa de que Will selecione com mais assertividade aqueles que habitam nosso mundo.

A direção

Além do roteiro inventivo, Edson Oda se mostra um talentoso diretor. Mesmo sendo este seu primeiro longa-metragem – ele realizou antes apenas um curta de 6 minutos – Nove Dias revela uma concepção bem estudada que leva as imagens de sua narrativa para as telas. É um filme predominantemente escuro, que parte de uma montagem enigmática para, aos poucos, desvendar sua imaginativa história. Assim, a conclusão ensolarada contrasta com o restante do longa, em consonância com a iluminação do personagem principal.

Além disso, o cineasta flerta com a metalinguagem a todo momento, mas em especial na citada cena em que a candidata eliminada passeia por paisagens brasileiras, em back projection, pois se trata de uma simulação do que seria a vida. Por fim, como tantos cineastas costumam fazer, Oda homenageia John Ford quando Emma sai da casa e caminha em direção ao deserto, tal qual o Ethan Edwards de John Wayne em Rastros de Ódio (The Searchers, 1956). Aliás, esse filme também dialoga com o tema de encarar a vida com outros olhos.

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Ficha técnica:

Nove Dias | Nine Days | 2020 | Direção e roteiro: Edson Oda | Elenco: Winston Duke, Zazie Beetz, Benedict Wong, Tony Hale, Bill Skarsgård, Lisa Starrett, Jeffrey Hanson, David Rysdahl, Perry Smith, Arianna Ortiz. Distribuição: Sony.

Trailer:
Onde assistir:
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