Pesquisar
Close this search box.
O Atalho (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

O Atalho

Avaliação:
9/10

9/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

First Cow – A Primeira Vaca da América chamou a atenção para a cineasta estadunidense Kelly Reichardt. Quem ainda não a conhecia, iniciou o garimpo atrás de seus filmes anteriores. O Atalho é um caminho natural nessa investigação, pois explora o mesmo gênero. Mas, há outras semelhanças entre os dois filmes, que reforçam o cinema autoral de Reichardt.

Novamente, a cineasta retrata a vida dos pioneiros americanos no Oregon. O ano é 1845, e três famílias movimentam suas carroças pelo terreno árido. Meek, o guia que as conduz, indicou um atalho e o grupo se afastou da trilha principal. Porém, eles se perdem e a água que carregam está acabando. Então, capturam um índio e esperam que ele os leve até uma fonte de água. Porém, Meek não confia nele e preferia matá-lo.

Um faroeste diferenciado

O Atalho é um faroeste diferenciado. O movimento horizontal das carroças é o mesmo, mas o formato de tela 1.33 : 1, semelhante ao das TVs antigas, reduz a horizontalidade que era expandida no scope dos grandes faroestes. Além disso, os planos são longos e, com isso, o ritmo é lento. A intenção do filme, bem-sucedida, é retratar a dificuldade dessa travessia. Ainda mais nessa história, pois os pioneiros se complicam quando se afastam da trilha principal.

Contudo, a dificuldade não se compõe de eventos típicos do faroeste. Ou seja, não há ataques de índios ou bandidos. De fato, a ausência de cenas de ação ressalta o maior obstáculo dos pioneiros. Este é a lentidão com a qual se deslocam no deserto quente e seco.

O índio

O filme retrata o personagem indígena em sua essência, como uma pessoa e não como o ser selvagem caricaturado nos antigos filmes do gênero. Por óbvio, existe a barreira do idioma e das crenças diferentes. Mas, principalmente por causa da atitude protetiva de Emily Tetherow (Michelle Williams) em relação a ele, matá-lo como o guia pretende se evidencia como um assassinato. Aliás, como de fato é.

Na verdade, o personagem Meek fala muito de seus próprios feitos. Porém, ele é o responsável pela situação difícil que o grupo enfrenta. Afinal, ele conduziu essa pequena caravana por um atalho e se perdeu. Fica implícito, então, que sua atitude agressiva em relação ao índio está conectada com o seu orgulho. Para ele, é inconcebível admitir que o índio salvará o grupo da enrascada que ele causou.

O final

Tal qual em First Cow – A Primeira Vaca da América, o final de O Atalho surpreende. Fugindo do habitual, a conclusão não fornece respostas. Pelo contrário, força o espectador a pensar.

Ficamos sem saber qual foi o destino dos personagens. Vemos apenas que eles chegaram num ponto onde devem decidir se continuam a confiar no índio, ou desistem e fazem todo o caminho de volta. Nesse ponto, até mesmo o falastrão Meek deixa de dar sua opinião.

Kelly Reichardt nos presenteia nesse desfecho com três planos seguidos que emolduram os personagens. Primeiro, do rosto de Emily, depois, do índio olhando para ela, e por fim, dela olhando de volta. Os dois trocam olhares de cumplicidade e indicam que ela acabará decidindo o destino do grupo. Nessa cena, vale notar que a moldura é formada pelos galhos da solitária árvore que eles encontram no deserto. E que lhe dá esperança.

Assim, Reichardt, novamente, assina um filme que valoriza o caminho e não o destino. Vale a pena o espectador explorar o seu cinema, filme a filme, sem atalhos.

___________________________________________

Ficha técnica:

O Atalho (Meek’s Cutoff) 2010, EUA, 1h44min. Direção: Kelly Reichardt. Roteiro: Jonathan Raymond. Elenco: Michelle Williams, Bruce Greenwood, Paul Dano, Will Patton, Zoe Kazan, Shirley Henderson, Neal Huff, Tommy Nelson, Rod Rondeaux.

Onde assistir:
O Atalho (filme)
O Atalho (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo