O Círculo
dramatiza uma questão cada vez mais pungente. A exploração de informações privadas recebeu até uma blindagem jurídica no Brasil, através da recente Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Baseado no livro de Dave Eggers, o filme se passa num futuro próximo. Uma grande corporação de serviços tecnológicos e internet chamada Circle incentiva os seus empregados e o público em geral a exporem suas informações pessoais. Seu último lançamento é uma minicâmera instalada em vários lugares para captar imagens e dados online.
Sinopse
A narrativa acompanha Mae (Emma Watson), uma garota que consegue um emprego na empresa dos sonhos de todo jovem, a Circle. Apesar de tecnicamente eficiente no seu trabalho, Mae é aconselhada pelos seus colegas a interagir mais, principalmente nas redes sociais. Porém, ela sente que não se adapta a esse ambiente. Ainda mais depois de conhecer Ty (John Boyega), o inventor da tecnologia de armazenamento que a empresa utiliza. Afinal, ele se afastou por não concordar com a finalidade do seu uso.
No entanto, quando a Circle oferece a solução para a grave esclerose múltipla de seu pai, Mae resolve embarcar na cultura da empresa. A garota aceita até usar uma das minicâmeras 24 horas por dia, transmitindo tudo o que acontece na sua vida. Consegue milhões de seguidores, mas o exagero no uso da tecnologia levará a uma tragédia.
Primeira parte engajadora
O filme conquista o espectador na sua primeira metade, ao apresentar uma protagonista com a qual facilmente se identifica. E a organização Circle também ganha um retrato muito autêntico, como se fosse uma versão aprimorada da Google. Nesse sentido, Tom Hanks, como o CEO da Circle, representa o fundador e CEO carismático que arranca aplausos entusiasmados nas apresentações aos seus colaboradores.
Mas O Círculo começa a decepcionar desde o momento em que Mae se curva muito facilmente a ser cobaia do experimento da Circle. Sentimos falta de um momento angustiante de dúvida da personagem, que já declarara não pertencer a essa cultura da empresa. Ademais, o filme deixa de lado a evolução do tratamento da esclerose do pai de Mae, cujo sucesso poderia ter motivado a mudança de mentalidade da protagonista.
Além disso, na conclusão, fica difícil engolir que Mae abraça a ideia de generalizar a exploração da privacidade de todas as pessoas. Após sofrer a tragédia pessoal, e de expor os seus patrões, o esperado era ela acabar com esse uso indiscriminado dos dados pessoais. Definitivamente, essa conclusão de O Círculo não faz sentido nenhum.
Ficha técnica:
O Círculo (The Circle, 2017)
EUA. 110 min. Dir: James Ponsoldt. Rot: James Ponsoldt, Dave Eggers. Com Tom Hanks, Emma Watson, Karen Gillan, Bill Paxton, John Boyega, Patton Oswalt, Amir Talai, Afsheen Olyaie, Glenne Headly.
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