Pesquisar
Close this search box.
O Culpado (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

O Culpado

Avaliação:
6/10

6/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

O Culpado (The Guilty, 2021) é a refilmagem estadunidense de Culpa (Den Skyldige, 2018). O original dinamarquês de Gustav Möller beira a perfeição, um roteiro genial dirigido com tamanho brilhantismo que consegue manter o público absolutamente tenso com uma mise-en-scène composta apenas por um cenário e um ator.

O diretor Antoine Fucqua parece apreciar esse tipo de desafio. Afinal, refilmou em 2016 o clássico Sete Homens e um Destino (The Magnificent Seven, 1960), de John Sturges. Por sinal, este já era uma refilmagem de Os Sete Samurais (Shichinin no samurai, 1954), de Akira Kurosawa. Nesse western, Fucqua realizou um bom filme, mas inferior ao original, como era de se esperar. Para isso, contou com Nic Pizzolatto, o criador da série True Detective, que assina o roteiro dessas duas refilmagens de Fucqua.

Especificamente em O Culpado, Nic Pizzolatto pouco mexeu no roteiro original, de Emil Nygaard Albertsen e Gustav Möller. Realocou a história para Los Angeles, e, com isso, acertou em adicionar à trama o clima tenso da região durante os gigantescos incêndios florestais. Algumas outras adaptações não interferem no enredo, sendo necessárias para adaptar algumas diferenças nas leis da Califórnia e da Dinamarca. Ao que parece, as mudanças mais importantes decorreram das decisões do diretor Antoine Fucqua.

A trama

Mas, antes de analisarmos esses pontos, vamos apresentar a trama. Joe Baylor (Jake Gyllenhaal) é um policial que cometeu um erro e agora se encontra afastado das ruas temporariamente. Por isso, está no plantão noturno no setor que recebe as chamadas de emergência. Uma dessas chamadas envolve o sequestro de uma mulher por seu ex-marido, que anteriormente cumpriu pena por agressão. Durante o atendimento, surgem novos elementos chocantes que culminam em uma inesperada reviravolta.

As alterações

Um dos elementos que mais surpreendiam em Culpa era concentrar toda a ação dentro do setor de atendimento. Em nenhum momento, o filme saía desse cenário, que, assim, adicionava à já tensa trama um incômodo enclausuramento. Mas, na primeira parte de O Culpado, o diretor Antoine Fucqua coloca na tela imagens que retratam a visualização do protagonista da abordagem policial à van suspeita do sequestro. Com isso, já deixa escapar a tensão que se acumulava até o momento, desperdiçando à toa essa construção dramática.

Além disso, Fucqua direciona Jake Gyllenhaal a uma atuação exageradamente apelativa, contrastando com a performance controlada de Jakob Cedergren. Ambos trabalham um personagem intenso mergulhado numa crise pessoal e encarando uma situação crítica no trabalho. A diferença consiste na explosão de Gyllenhaal, que o leva a externar suas emoções em choros copiosos e até vômito, enquanto Cedergren contém seu sofrimento. Na comparação, o ator sueco contribui muito mais para a narrativa do filme. E, por isso, recebeu sete prêmios por esse papel em festivais internacionais.

De fato, a principal mudança acontece na conclusão, pois a cena no banheiro não existia no filme original. É justamente quando Jake Gyllenhaal extravasa as emoções de seu personagem, processo iniciado desde que ele descobre a verdade sobre o sequestro. Essa alteração soa desnecessariamente apelativa, principalmente para quem assistiu ao filme de Gustav Möller. Aliás, com isso, nos questionamos: para que fazer uma refilmagem de uma produção excelente e tão recente? Talvez, devido ao xenofobismo do espectador estadunidense, ou então a sua aversão por legendas, ambos motivos desprezíveis.


O Culpado (filme)
O Culpado (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo